Dia 8 de maio
Os dias de outono são os dias mais bonitos do ano. Quer dizer, para mim, os dias de outono são os dias mais bonitos do ano. Tem quem vai dizer que são os dias de verão, ou os dias de primavera, ou os dias de inverno. Cada um é cada um, por isso cada um sabe o que quer, ou do que gosta e não adianta tentar mudar. Algumas discussões são tão inúteis quanto querer convencer corintiano de que o Corinthians não é bom, os outros é que são piores.
Dia 8 de maio de 2017, segunda feira, por volta das sete horas da manhã, eu passei pela Praça do Pôr do Sol, iniciando mais uma batalha pelo pão nosso de cada dia.
O céu estava transparente, completamente transparente, e por isso os olhos viam longe, mesmo com os prédios erguendo uma muralha para tapar o horizonte.
A transparência dos dias de outono é a marca registrada da estação. Nesta época, a atmosfera fica mais leve. Eu não sei como se chama o fenômeno, o fato é que ele acontece e faz a profundidade da atmosfera mostrar o caminho para o infinito.
As viagens espaciais só podem acontecer num céu assim. Como perguntou o administrador da fazenda de Louveira quando os americanos pousaram na lua: “Por que eles não foram na lua cheia? Era mais fácil acertar…”
As viagens interplanetárias deveriam ser sempre marcadas para o outono. Fica muito mais fácil ver o asteroide ao lado e o planeta à frente.
Se os dias de outono são especiais, a manhã do dia 8 de maio foi mais especial ainda. A sensação, vendo o céu limpo e profundo, era que Deus estava se preparando para trabalhar a matéria virgem e eu tive a sorte de olhar no instante em que ele a colocava contra a luz.
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