Depois da tempestade
Pouca coisa é mais impressionante do que uma tempestade de verão. A fúria da natureza nas gotas que caem, inclinadas pelo vento forte que dobra as árvores, o cinza escuro do céu, o silêncio enquanto a tempestade não chega, a velocidade do vento abrindo caminho correndo solto à frente, tudo é impressionante e mostra a força imensa da natureza rindo da nossa fraqueza.
Pode mais quem chora menos. Dizem os especialistas que, nessas horas, é para não buscar abrigo debaixo das árvores. Que é melhor ficar feito pinto molhado do que correr o risco de ser atingido por um raio.
Além disso, o banho de chuva reanima, revigora, nos mostra que estamos vivos e sensíveis e que somos parte do mistério imenso da vida dentro do universo.
A tempestade cai com a força dos Titãs arrancando as montanhas para arremessá-las contra Zeus e os deuses que os enfrentaram e venceram. A tempestade, no filme Fantasia, tem a cara de Zeus. E quando ela passa, o pai dos deuses se envolve numa nuvem, vira de lado e adormece feliz.
No mundo real, quando a tempestade passa, o ar fica absolutamente transparente. O horizonte fica comprido e o cheiro de terra molhada fala da vida nascendo e da natureza revigorada.
É bom viver a magia da terra molhada, do cheiro da terra molhada, do capim dobrado, dos galhos arrancados pelo vento.
Pena que as tempestades têm um outro lado, de destruição, de morte, de prejuízos. Que elas inundam as casas, destroem seu conteúdo, deixam um rastro de lama e dor ao longo da sua passagem.
Nada é mais triste do que o olhar de quem perdeu tudo. Mas nada é mais belo que o brilho nos olhos de quem quer recomeça.
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