De novo as goiabas
Não é uma questão de asco ou falta de asco, de vergonha ou falta de vergonha, de sentir na carne ou não sentir na carne.
As goiabas estão aí porque é tempo das goiabas e elas não podem fugir ao seu destino, ainda que desejassem protestar ou fazer greve, que nem funcionário de linha do Metrô de São Paulo administrada pelo Estado.
As goiabeiras não têm a proteção da Justiça do Trabalho, nem de magistrados bonzinhos, que perdoam os prejuízos causados pelas greves políticas dos sindicatos interessados em mostrar que servem para alguma coisa, além de tungar as categorias que representam, em nome do bem bom de seus dirigentes.
Não, as goiabeiras não têm alternativa. É seguir o ciclo ou seguir o ciclo e, nesta época do ano, seu ciclo determina que é hora das frutas amadurecerem. Então eles amadurecem e ponto final.
Uns podem sair na frente, outros tentar retardar o momento, mas tanto faz, é inexorável, eles vão amadurecer, servir de alimento para os pássaros, abelhas e outros animais que comem goiabas, incluído o ser humano, que não se faz de rogado.
Comer goiaba no pé é muito bom. Dar a mordida forte na fruta madura é um prazer, mata a vontade dos olhos que viam as frutas nos galhos e esperavam o momento em que amadureceriam para dar o bote, catá-las e levá-las à boca.
Nesta época, as goiabeiras da Cidade Universitária assumem o comando. A festa é delas, o momento é delas e elas nadam de braçada, com os galhos carregados, oferecendo as frutas para quem sabe o que são e para as aves e insetos que se fartam na polpa vermelha ou branca.
As goiabeiras não são diferentes, nem mágicas. Elas apenas seguem o ritmo da vida, sem pensar em política ou outra razão para dar seus frutos.
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