Cada um sabe de si
O dia está lindo. O sol bilha no céu profundamente azul, como se a chuva de ontem tivesse limpado toda a poluição. Sabiás voam pelo jardim, enquanto periquitos pousados na palmeira procuram os coquinhos que os levam à loucura. O ciclo da vida se completa na pitangueira com os frutos ficando vermelhos e no latido forte do cão do outro lado da rua.
Mas será que é assim mesmo, ou para alguém o dia está cinza, cheio de nuvens, com chuvas torrenciais inundando a casa e pegando pesado no retrato da vida?
Dizem que não existem dois dias iguais. Eu diria que nem mesmo o mesmo dia é igual. Depende de quem sente, de quem vive, de quem descreve. Cada um é cada um e cada um sabe de si. Se você vê de outro jeito, quem sou eu para dizer que seu jeito está errado?
Não, todas as verdades podem ser boas. A vida é um imenso rio, composto pelas gotas que somos nós, cada um com suas características e personalidade, mas todos formando um único corpo que corre para o futuro, inexoravelmente.
Tanto faz cor, raça, crença ou time de futebol. Ninguém é melhor do que o outro, com base em conceitos subjetivos para julgar o próximo.
Branco, negro, amarelo, vermelho, tanto faz, somos todos seres humanos, homo sapiens, derivados de um ancestral nascido na África, milhares de anos atrás.
Cada um seguiu para um lado e o resultado foi a proliferação da espécie por todo o planeta. Como as baratas, somos sobreviventes natos. Nos adaptamos, nos viramos, lutamos, apanhamos e vencemos.
Entre as preguiças gigantes e nós, sou muito mais nós. E isso vale para milhares de espécies que despareceram. O importante é tocar em frente – como somos, mas respeitando o jeito dos outros.
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