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Crônicas & Artigos

em 05/03/15

As quaresmeiras fazem o que podem

por Antonio Penteado Mendonça

As quaresmeiras levaram um susto com a florada dos resedás. Elas não esperavam um ataque tão forte e direto como o deles. Todos os anos as quaresmeiras floriam, tomavam conta da cidade, e os resedás vinham meio que no embalo, sem força para se imporem, acompanhando a florada maior, a florada das quaresmeiras.

Este ano os resedás mudaram a ordem das coisas. Se não saíram na frente, concentraram forças antes da florada das quaresmeiras tomar vulto. Quando elas perceberam, o espaço era deles, que, com suas flores fortemente coloridas, deixaram o carnaval com mais cara de festa.

No primeiro momento, pareceu que as quaresmeiras haviam sido batidas e que o novo nome forte no mundo vegetal era o dos resedás.

Mas não é bem assim. A florada dos resedás chega ao fim, com as flores caindo no chão, cobrindo o asfalto e as calçadas, mas as quaresmeiras continuam aí, firmes, com suas flores ainda se abrindo, numa festa tão bela como a dos resedás, ou tão bela como a florada das quaresmeiras sempre foi.

É verdade, tem muito mais quaresmeiras do que resedás, mas isso não tira o brilho da florada das quaresmeiras.

Ok, pode-se dizer que perderam a mão, que seu serviço de informação não percebeu o perigo dos resedás. Mas, até aí, os americanos também não perceberam a ameaça do Estado Islâmico quando foram se meter no Iraque e depois apoiaram a deposição do ditador da Líbia.

Acontece. E se acontece com a maior potência do mundo, o que dizer de um grupo de árvores de tronco mole, que tomou a Mata Atlântica só depois da derrubada da floresta primária. O que importa é que elas deram a volta por cima e estão deslumbrantes colorindo Sampa.

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