As pitangas estão aí
Nem sempre os ciclos naturais acontecem no mesmo dia e hora do ano anterior. Às vezes chegam mais cedo, outras mais tarde, dependendo de uma série de fatores internos e externos que interferem no ritmo da vida e na velocidade das vontades.
Não tenho certeza se as pitangueiras gostariam de carregar exatamente no dia e hora dos anos anteriores. Eu sei, elas são disciplinadas e metódicas, mas isso não quer dizer que precisem da segurança das datas exatas para fazer ou deixar de fazer.
Aliás, neste sentido vale lembrar que as diferentes pitangueiras não carregam e amadurecem seus frutos exatamente no mesmo dia e hora, como numa parada militar.
Algumas chegam antes, outras depois, e a diferença de tempo pode ser longa entre uma árvore e outra. É o que faz a graça e a beleza do mundo. Se tudo fosse milimetricamente igual, o mundo seria um lugar monótono e chato.
Deus faz cada um à sua imagem e semelhança. Árvores, animais, seres humanos, rochas, areia, pó, fogo, água, vento, tudo está na essência de Deus. Tudo é parte de Deus e ele fez com que cada um fosse um, com características únicas, que os fazem semelhantes, mas não iguais.
As pitangueiras da minha freguesia estão carregadas. Outras ainda não. E outras já deram seus frutos. Faz parte do ciclo da vida, como os ipês roxos, que ainda estão floridos, mesmo sendo época dos amarelos e dos brancos.
O que interfere na hora das coisas acontecerem? Quem sou eu para saber? O El Niño, a seca, os furacões, os terremotos no Nordeste, o efeito estufa? Tudo pode ser. A única certeza é o ciclo da lua e o ritmo das mulheres e das marés. Tanto faz. Bom é comer pitanga no pé.
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