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Crônicas & Artigos

em 10/12/14

As espatódias não reclamam

por Antonio Penteado Mendonça

Já escrevi: o momento é dos flamboyants. Estão aí, todos prosas, com suas flores vermelhas enfeitando o céu que poderia estar mais cinza, mas que vai alternando com o azul, como se São Pedro realmente estivesse brigado com São Paulo e por isso fechasse as torneiras do céu.

É verdade que os flamboyants dariam tudo pelo azul, deixando o cinza ficar em segundo plano. Afinal, o céu azul cria outro contraste para suas flores vermelhas.

Mas fazer o quê? A vida é assim, nem sempre podemos ter tudo o que queremos, na hora que desejamos. O importante é que agora o tempo é deles e eles florescem como querem e balançam os galhos carregados de flores criando imagens de sonho.

Tem quem diga que os flamboyants são imprevidentes. Que as espatódias estão só esperando o momento mais propício para darem o bote e entrarem em cena, relegando a beleza dos flamboyants para o mais triste segundo plano.

Eu não acredito nisso. As espatódias e os flamboyants têm muito em comum. São árvores de madeira mole, que crescem rápido e suas flores são vermelhas.

Não tem necessidade das espatódias agredirem os flamboyants justamente num momento tão delicado como o instante da florada.

Elas podem se dar ao luxo de esperar. Ao contrário do Brasil, que tem que correr para fazer a lição de casa para o tombo no ano que vem ser menos doído, as espatódias sabem que o tempo delas é delas e que ninguém tira.

Por conta disso, vão se enfeitando, florindo, uma aqui e outra ali, como quem não quer nada com a festa. Mas não se enganem! Quando estiverem prontas, darão o bote! Graças a Deus quem ganha é a cidade.

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