As espatódias estão divididas
As espatódias estão divididas. Algumas acham que é hora de entrar em cena, outras preferem esperar um pouco mais. As que estão apressadas veem a oportunidade de abafar os flamboyants. As outras veem a chance de deixar a administração Morubixaba-bebê vendida.
São duas visões antagônicas, mas não significa que as espatódias briguem por causa delas. Como não são muito numerosas, sabem que é melhor correr junto do que cada uma para um lado.
Ainda que boa parte sendo árvores parrudas, com certa idade e portanto tamanho, como tem uma aqui, outra ali, quase que sem sequência, como acontece nas ladeiras das Perdizes, as espatódias aprenderam a valorizar o trabalho em conjunto. O que falta para darem a partida é uma conversa para acertarem os ponteiros.
Ninguém vai brigar pelos flamboyants ou pela administração municipal. Não é o caso, ainda que a administração pintando parte do chão das ruas de vermelho, como uma artéria gigantesca levando sangue de um canto a outro da cidade. Artéria bichada, precisando transplante, mas, de qualquer forma, artéria.
O vermelho irmana as espatódias, os flamboyants e a administração Morubixaba-bebê. Não porque o partido no governo da cidade tenha na bandeira uma estrela vermelha, mas porque faz as plantas pensarem nos caprichos da natureza que as fez florir, espatódias e flamboyants, mais ou menos na mesma época, as duas com flores vermelhas.
Atropelar os flamboyants pode ser legal, mas não é inteligente. Eles podem se sentir ofendidos e no ano que vem dão o troco, demorando mais para sair de cena. Da mesma forma, deixar a administração Morubixaba-bebê vendida também não é inteligente. Afinal, é ela quem cuida – ainda que pouco – das árvores da cidade.
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