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Crônicas & Artigos

em 24/07/17

Ada Pellegrini Grinover

Ada Pellegrini Grinover morreu. Como se fosse possível Ada morrer, Ada morreu. Mais uma lição ou fatalidade? Ada não aparentava, até a última vez em que estivemos juntos, estar doente ou coisa assim. Pelo contrário, com sua veia anarquista, perguntou, contestou, discutiu, discordou e enriqueceu a sessão da Academia Paulista de Letras.

Ada nasceu para a polêmica, para a briga, e com o tempo aperfeiçoou suas habilidades. Gostava tanto de uma discussão que, se ninguém discordasse dela ou defendesse outro ponto de vista, era capaz de questionar a própria posição, discorrendo sobre todos os assuntos, com uma capacidade de síntese e uma lógica únicas, que a faziam uma polemista extraordinária, com talento, cultura e competência para ir muito além do direito ou das questões judiciais e judiciárias que a fizeram famosa no Brasil.

Ada Pellegrini Grinover foi das maiores processualistas do país. Com uma característica rara: era especialista em processo civil e processo penal, o que fazia dela uma das mais respeitadas e requisitadas pareceristas, com trânsito em todos os foros e instâncias, em todas as justiças, em todas as rodas jurídicas.

Italiana de nascimento, Ada veio para o Brasil com 18 anos. Fez sua carreira aqui. E que carreira! Morreu aos 84 anos de idade e a quantidade de coroas de flores em seu velório confirmava para quem quisesse ver quem foi a professora Ada Pellegrini Grinover no universo jurídico nacional.

Foi minha professora de Direito Processual Civil na Faculdade do Largo de São Francisco, minha veterana na Academia Paulista de Letras e minha amiga durante os muitos anos em que convivemos regularmente, dividindo o salão do segundo andar do prédio do Largo do Arouche.

Ada foi professora, jurista, romancista, memorialista, poeta, polemista, brigona, mas, acima de tudo, amiga, surpreendentemente humana e doce.

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