Acima do bem e do mal
A autocrítica e a autoconfiança da administração Morubixaba-guará-bebê são tão apuradas, tão ligadas na sintonia fina da cidade que elas não admitem contestação ou dúvida: em sua visão, na longa história de São Paulo, nunca antes, uma administração municipal foi tão competente, tão antenada e tão ciosa das necessidades da cidade e de seus habitantes.
Ouvir os altos escalões falarem é quase que poesia pura. Para eles a construção das pistas extras nas Marginais foi inútil, da mesma forma que a construção de túneis caros, que não resolveram a questão do trânsito.
A pergunta óbvia é se eles já pararam para pensar que, sem as tais pistas extras e túneis, a cidade teria parado antes deles tomarem esta providência, espalharem pistas exclusivas para ônibus e bicicletas, quase sempre vazias, com a fúria dos titãs enfrentando os deuses do Olimpo.
Ah! a certeza infalível de uma visão pseudo pós-moderna sobre o que foi feito e o sucesso urbanístico de Ho Chi Mim, Havana e Bangladesh! Ah! o que é governar com talento uma cidade moderna!
Dizem que o mundo anda pra frente, mas uma olhada no passado sempre faz bem. Perguntar não ofende: Como pessoas que tiveram problemas para aplicar o ENEM poderiam administrar São Paulo?
É acreditar que cavalo voa e vaca não fura cerca.
Mas quem é que disse que não é por aí mesmo? Que o grande sonho da administração Morubixaba-guará-bebê não é reintroduzir as liteiras e cadeirinhas para o transporte individual e os bondes puxados por burros para o transporte público? Quem é que disse que o objetivo maior não é trazer de volta as tropas de burros para o transporte de carga?
Quem disse que eles entendem alguma coisa de planejamento e administração urbana? Mais que isso, como diz um amigo, quem disse que eles ao menos gostam de administrar São Paulo?
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