Abaré-bebê 2 e os buracos
Engana-se quem pensa que o projeto Abaré-bebê 2 – O Retorno Manco seja apenas uma proposta de resgate do nome do padre Leonardo Nunes, o responsável pela instalação dos jesuítas no Planalto de Piratininga, em agosto de 1553.
Engana-se também quem imagina que o projeto tenha apenas viés saudosista é que sua real razão de ser seja recuperar e restaurar o espaço urbano como era no século 18.
Tanto isso não é verdade que, se houvesse a intenção do resgate das condições urbanas originais da época do padre voador, estas deveriam ser as da segunda metade do século 16.
O projeto Abaré-bebê 2 – O Retorno Manco é muito mais do que isso. A proposta é multifuncional e multiuso, com viés retrô-futurista e alguma coisa de ficção científica.
A ideia é ir além de todas as ideias, desde a construção de piscinões disfarçados de tuneis até pontes com altura para a passagem dos porta-aviões nucleares norte-americanos.
Abaré-bebê 2 – O Retorno Manco não admite limites. Nem mesmo a ideia de limites. O universo é o seu único limite. Ou, como diria meu pai: Deus limitou a inteligência; pena que não tenha limitado o contrário dela.
O resultado da proposta pode ser visto nas ruas paradas pelos quilômetros de faixas pintadas no chão. Nos bueiros entupidos. Na chegada da dengue. Nos buracos que tomam de assalto todos os cantos da cidade, mas, acima de tudo, no barulho imponente de mais um helicóptero sobrevoando São Paulo, enquanto aqui embaixo os cidadãos de bem, que pagam impostos e a festa, ficam parados no trânsito e assistem impotentes os bem aventurados cortarem os céus em busca da felicidade.
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