A volta das goiabas
O mundo funciona em ciclos. Não é só a vida que tem começo, meio e fim. O universo está sujeito à mesma lei. Como se as estrelas, cometas, planetas e asteroides tivessem vida, à imagem e semelhança do ser humano e outros seres que habitam as galáxias.
Agora, por exemplo, posso garantir que mais um ano se passou. E posso fazer isso sem olhar pra folhinha, apenas caminhando pela Cidade Universitária, prestando atenção nas plantas.
No final do ano davam sinais de que estavam se preparando. Pequenas, verdes, algumas um simples botão, mas todas atarefadas, colocando as coisas em ordem para, quando chegasse o momento, entrarem em cena com tudo. O momento chegou. As goiabeiras da USP estão carregadas e boa parte está madura ou em vias de chegar lá.
As árvores foram plantadas de forma anárquica. Não há uma ordem, um padrão, em que seja possível identificar o plano para as goiabeiras. Simplesmente estão lá, aleatoriamente, em várias ruas da Cidade Universitária, às vezes plantadas em sequência, outras não. Então, apenas uma goiabeira aparece para marcar posição, como que gritando: calma pessoal, nós também estamos aqui e temos nossos direitos.
Se professores, funcionários e alunos têm direitos, por que as árvores do Campus não teriam? Têm. E elas têm o dever de se fazer ouvir nas assembleias, greves e demais movimentos.
Mas agora o tema não é este. O tema é a safra das goiabeiras. Tem da vermelha e da branca. Como não há plano, você cata e come uma imaginando que é vermelha e é branca. Depois pega outra e também é branca. Mas a seguinte é vermelha. A graça da coisa é exatamente esta: o inesperado dando as caras para mostrar que no mundo tudo é redondo e por isso nada é como nós imaginamos que seja.
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