A vida num tubo de creme de barba
Alguns anos atrás, meu amigo Manuel Alceu e eu estávamos preocupados porque nosso creme de barba de estimação tinha sumido das prateleiras das farmácias e lojas. Coisas do comércio e do Brasil, essa terra onde se plantando tudo dá, mas que, naquele momento, não tinha nosso creme de barba. E o mais sério, ninguém sabia dizer quando ele retornaria, se é que retornaria. Afinal, nem tudo que é bom resiste ao tempo, aos impostos e aos políticos.
Quando a coisa começava a apertar, milagrosamente, ou como acontece nos filmes de caubói, quando a cavalaria chega depois que o último tiro foi disparado pelo mocinho salvando a caravana, nosso creme de barba surgiu de volta e, quase ao mesmo tempo, o Manuel Alceu e eu conseguimos comprá-lo.
Eu sei que cada um faz o que quer com sua barba e seu bigode. Tem quem goste de ter os dois crescidos, outros não tão crescidos, outros só um ou outro. E tem quem gosta de andar de cara raspada.
Eu nunca usei nem barba, nem bigode. Deixei crescer algumas vezes nas férias ou em viagens, mas nunca usei permanentemente. O Manuel Alceu também não tem barba nem bigode.
Por isso, fazemos a barba todos os dias, exatamente igual a bilhões de pessoas sobre a terra, o que me faz pensar sobre a conveniência de ter ações de fabricantes de lâminas de barbear e cremes de barba. Pode ser um bom negócio.
Fazia tempo que eu não pensava no desaparecimento de nosso creme de barba, mas o Manuel Alceu acaba de enviar de presente um creme de barba italiano, que ele comprou em Avaré, e eu me lembrei dessa história e de outras, todas decorrência de uma longa e gostosa amizade. Bom no mundo é ter amigos e histórias para contar. O resto, dá-se um jeito.
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