A tragédia do frio
O frio traz consigo momentos de poesia pura, de beleza, de aconchego, de proximidade, de carinho.
O que pode ser mais gostoso do que uma lareira acesa e um bom vinho, à luz das chamas, enrolados num edredom macio, deitados num sofá gostoso?
Tem programa melhor do que chamar os amigos para uma fondue de queijo, numa noite gelada, com um bom poire para aquecer o corpo e alma?
Tem coisa mais bonita do que ver a lua cheia subir amarela, saindo de trás do morro e tomar conta da noite incrivelmente limpa?
O que pode ser melhor do que entrar na cama quentinha, protegido pelos cobertores e edredons tirados do armário, quase que em êxtase para enganar o frio que nos assola?
O frio pode ser uma festa, é verdade, mas depende de que lado você esteja. Porque o frio tem um outro lado sem romantismo, sem beleza, duro e brutal, capaz de matar e fazer sofrer.
Frio de 20 graus é uma coisa, de 15, outra, de 10, muito pior e quando chega perto de zero, como acontece em várias partes de uma cidade como São Paulo, quando a meteorologia diz que está em 5, pode ser mortal.
É a brutalidade da vida estampada na calçada da Avenida Paulista, o cartão postal da cidade, o centro financeiro da América Latina, a avenida que foi linda e hoje está suja e tomada pelos camelôs clandestinos.
Um homem morreu de frio na madrugada gelada da Avenida Paulista. Foi mais um neste ano com o inverno que mal começou, mas promete ser dos mais frios dos últimos anos.
O lado feio e brutal do inverno é este. A tragédia das pessoas sem condições de suportar o frio com um mínimo de proteção, de roupas e cobertores para enfrentar as baixas temperaturas das madrugadas geladas.
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