A tragédia brasileira
A tragédia brasileira não são 11 milhões de desempregados nas estatísticas oficiais. A tragédia brasileira são 11 milhões de desempregados no mundo real.
O resultado disso são 900 mil famílias caindo na hierarquia social, destruindo as conquistas dos últimos anos e jogando na miséria alguns milhões de pessoas que haviam desaprendido a passar fome.
Ou as dezenas de milhares de imóveis vazios, porque não há negócios para os ocupar, nem salários para pagar as locações.
São números impressionantes, mas são apenas números. A verdadeira tragédia não são os números, como bem apontou o sociólogo José de Souza Martins.
A verdadeira tragédia é o roubo da dignidade de milhares de pessoas, que não têm dinheiro para custear suas necessidades básicas, que mal e mal conseguem fazer compras uma vez por mês, mesmo assim pesquisando, procurando, economizando na quantidade, escolhendo o que vai e o que fica.
A tragédia é o olhar de vencido do cidadão que sai de casa cedo e roda a cidade atrás de um emprego que não existe, mas que ele acha que não consegue por culpa sua.
A tragédia é ver os alunos voltarem para a escola pública, os doentes buscarem as filas do SUS, enquanto, do outro lado, as escolas fecham e os hospitais estão em crise por absoluta falta de recursos para custeá-los.
Feio é ver o pai de família bebendo porque não consegue dar o mínimo que a esposa e os filhos necessitam.
Feio é ver a mãe que cria os filhos sozinha sem ter para quem pedir socorro quando a grana fica curta e ela não pode trabalhar mais porque não tem com quem deixar as crianças. Feio é o que fizeram com esse país.
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