A segurança nas fazendas
Quando eu era menino, as fazendas eram lugares seguros, de dia e de noite. As estradas de terra convidavam para passeios a cavalo, que podiam se estender para longe da sede, em cavalgadas que não tinham medo de cruzar a Via Anhanguera e saíam de Louveira para Itupeva ou seguiam para o outro lado, pelo antigo traçado da estrada de ferro desativada e transformada em estrada de rodagem em nome do progresso e dos caminhões, até chegar em Itatiba.
Normalmente, os passeios eram mais curtos. Ficavam no entorno da fazenda, mas ninguém tinha medo de ser atacado ou assaltado. Da mesma forma que ninguém tinha medo de andar pelos jardins e terreiros ou descer para a colônia, fosse a que horas fosse.
Quantas noites ficamos deitados no terreiro de café, vendo a lua e as estrelas? Ouvindo música, conversando, até clarear, sem preocupação maior do que nos protegermos do frio.
Algumas vezes, ainda meninos, fomos dormir na cabaninha de madeira com telhado de sapé, construída por meu tio Alfredo no alto de um morro, de onde se avistava o horizonte longo de meio século atrás.
Hoje, é rara a fazenda que não tenha sido assaltada de uma forma ou de outra. A fazenda de Louveira já teve até os peixes do tanque no pátio da sede roubados.
Outras, tiveram equipamentos pesados, como tratores, levados embora com a sem cerimônia de quem sabe que dificilmente será preso. E quantas centenas, espalhadas por esse Brasilzão, viram seus rebanhos encolherem, tungados por ladrões profissionais, que usam grandes caminhões para transportar o gado roubado?
Mas mais triste ainda são os assaltos às sedes, com histórias feias de violências de todos os tipos praticadas contra os moradores.
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