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Crônicas & Artigos

em 12/10/16

A pitangueira deu chabu

Este ano a pitangueira do meu jardim deu chabu. Está envergonhada porque as jabuticabeiras vieram com tudo e as amoreiras não ficaram atrás, enquanto ela simplesmente não compareceu.

A coisa foi tão complicada que até os sabiás que tradicionalmente fazem seu ninho na pitangueira, este ano, mudaram para uma das jabuticabeiras.

A pitangueira sentiu o baque, mas a culpa não foi sua. Não foi por isso que não carregou. Ela não carregou porque podaram seus galhos. Até os mais grossos foram cortados, como se as pitangueiras fossem arbustos vagabundos, desses que se cortam a copa para dar formas artísticas.

As pitangueiras são árvores sérias, de tronco duro e ramagem fechada. Mas isso não foi levado em conta. O seu João passou a faca nos galhos, como se fosse, no máximo, uma das azaleias que ele poda para deixar de tamanho compatível com o muro do jardim.

Foi um baque. Ao se ver cortada, e sem poder fugir ou gritar, a pitangueira teve uma crise psicológica que até agora tem efeitos dramáticos no comportamento da árvore.

Para piorar o stress, ao não encontrarem galhos apropriados e mudarem para a jabuticabeira, os sabiás também mexeram com o equilíbrio da pitangueira, que começou a pensar sobre a importância das coisas e a origem da vida, para concluir que tudo é inútil, e começar a ler passagens do Velho Testamento todos os dias.

Pitangueira em crise religiosa é muito sério. Some-se a isso os galhos finos recém-nascidos depois da poda, incapazes de servir de apoio para os frutos, e o quadro fecha de forma triste. Este ano a pitangueira não deu frutos por uma série de fatores além do seu controle, mas isso não diminui sua vergonha. A árvore está desolada com os galhos vazios.

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