A morte da minha mãe
A vida é um processo com começo, meio e fim. Nascemos, crescemos e morremos. No meio do caminho erramos, acertamos, aprendemos, não aprendemos, vamos em frente entre trancos barrancos, invariavelmente com a certeza absoluta de quem não sabe, mas imagina que sabe.
A lógica do mundo é o filho enterrar o pai. O mais velho, que nos deu a vida, sair de cena antes, no seu ritmo próprio, que tem um tempo anterior ao nosso. Por isso a lógica é o filho enterrar o pai.
O contrário é apavorante, é terrível demais. Por isso, como pai, não consigo imaginar como é. E me compadeço e ofereço minha ternura para a dor profunda do Governador Geraldo Alckmin, Dona Lú e todos os outros que passam pela experiência indescritível da perda de um filho.
Dia 3 de abril morreu minha mãe. É triste. A perda é real e a dor da ausência se faz presente na ideia de que acabou, na certeza de que não tem mais, no vazio em volta.
Mas sua morte se deu dentro do esperado para uma pessoa com mais de 90 anos, fragilizada pela idade e inconformada com a morte do marido, exatamente no mesmo dia em que ele partiu, 9 anos atrás.
Dentro do que sabemos, posso dizer que ela não sofreu. Foi apagando ao longo da semana, até que, na sexta feira da Paixão, às 3 horas da manhã, deu um suspiro e morreu. Não houve surpresa. Minhas irmãs e eu estávamos esperando o desfecho como ele se deu.
Fica a lembrança da mulher importante na minha vida. Seca, mas generosa e ao seu modo alegre, foi uma mãe presente, que me educou, ensinou e dividiu comigo muito do bom e do ruim ao longo do caminho.
Descanse em paz, D. Tereza. Que a eternidade seja leve para você e meu pai.
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