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Crônicas & Artigos

em 30/08/18

A madrugada é dos sabiás

Os ipês estão floridos, as amoreiras carregadas e as madrugadas têm dono de novo. Os sabiás estão aí, na piação desenfreada de quem sabe que tem pouco tempo para dar um jeito na vida e arrumar rápido uma fêmea para acasalar.

No mundo das aves é mais ou menos como no mundo dos humanos: quem não corre atrás fica sem nada e chora mais porque pode menos. Os sabiás sabem disso. Por isso, o negócio é acordar cedo e meter a garganta no mundo.

Durante alguns anos achei que a iluminação da cidade enganava as aves e que eles começavam a cantoria porque acordavam de supetão, viam a luz e achavam que era dia.

Depois percebi que não é nada disso. Algumas aves mais espertas aproveitavam as luzes da cidade para cantar mais cedo e terem menos concorrência na busca pelas fêmeas.

Com o tempo, todos os sabiás de São Paulo foram engolidos pela moda que, como todas as modas, não tem explicação, simplesmente chega, entra e arrasta quem quiser e quem não quiser com a indiferença das águas escorrendo da barragem que rompeu na transposição do Rio São Francisco.

É cantar e cantar como se fosse chegada a hora de lutar. Afinal, acasalar, no mundo dos sabiás, faz toda a diferença. É o que a natureza espera que eles façam, mas não é tarefa fácil. Afinal, a concorrência é brava e as fêmeas mais interessantes são complicadas de serem abordadas.

Na toada que vai, daqui a pouco teremos sabiás cantando antes da meia noite. Este ano, a cantoria começa cedo. Ainda estaria completamente escuro, não fossem as lâmpadas das ruas.

Gosto de imaginar as aves nos ipês floridos ou no meio das azaleias. Afinal, eles cantam para garantir o futuro da espécie.

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