A inversão do caos
Durante muitos anos, o Viaduto Antártica complicou daqui para lá, quer dizer da Água Branca para a Marginal. O centro do nó era a Praça Luiz Carlos Mesquita, o que levou vários boêmios da São Paulo antiga afirmarem que os engarrafamentos eram obra e arte do homenageado, conhecido pelo seu senso de humor absolutamente refinado e capaz de causar um congestionamento do tamanho dos que aconteciam no pedaço apenas para se divertir com os que caíam na armadilha.
É com tristeza que sou obrigado a desmentir essa versão. Luiz Carlos Mesquita não tem qualquer participação na piora do trânsito paulistano. A responsável direta é, como não poderia deixar de ser, a CET.
A CET não conseguia coordenar os semáforos da região, o que fazia com que um semáforo de pedestres prendesse os carros, fechando a passagem e irritando ainda mais os motoristas, que, daí para frente, não abriam mão de um centímetro de rua, ainda que isso significando ninguém ir para lugar nenhum.
Mas se a CET erra e insiste no erro, depois compensa os prejudicados, cometendo outro erro pior do que o primeiro.
No caso do Viaduto Antártica, levou muito tempo para a CET entender o que ela tinha feito e mais tempo ainda para pensar e criar a solução capaz de reverter a tristeza da pista que vem da Marginal para a Água Branca.
A pista que vem vivia triste porque a pista que ia engarrafava e ela não. Era uma tristeza sincera, de cachorro que descobre que o outro é mais querido do que ele.
Quem passava pela ponte sentia nitidamente a tremida que a pista que vinha dava, tentando chamar a atenção para sua solidão.
A CET se sensibilizou e consertou o estrago: congestionou a Avenida Sumaré. Hoje, a pista que vem para mais do que a pista que vai.
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