A ideia vingou
Muitos anos atrás, na toada dos irmãos envolvidos com o meio ambiente, Fernão Mesquita teve a ideia de criar o Projeto Pomar. Replantar as margens do Tietê e do Pinheiros, ao longo das Marginais.
Como costuma acontecer no Brasil, o começo não foi fácil. Sensibilizar autoridades e empresas deu trabalho, exigiu empenho, pressão, negociação e muita paciência.
Mas, mesmo com todas as dificuldades, o Projeto Pomar decolou, as margens dos rios começaram a ser tratadas e a vegetação foi reintroduzida, o mais próximo possível do que era a vegetação original.
A obra vingou, mas o reconhecimento não veio. Fernão foi literalmente apagado das fotografias, como acontecia com os líderes soviéticos caídos em desgraça.
Tanto faz, a glória é vã. O reconhecimento se transforma em esquecimento e as homenagens acabam no exato momento em que as flores murchas são jogadas no lixo depois da festa.
Que o digam os milhares de nomes de ruas da cidade de São Paulo. A população não tem ideia de quem eles foram.
Isso quando o nome é preservado e não completamente alterado por um burocrata de quinto escalão, que manda fazer a placa da rua com o nome escrito como ele acha que deve ser.
O que vale é o resultado. Como disse o poeta: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. A obra sonhada pelo Fernão está aí, inclusive nas margens do Tietê, mais estreitas do que as do Pinheiros.
No lado de dentro das Marginais, as árvores vão crescendo, tomando forma e vulto, embelezando o pedaço, pintando de verde o cinza triste da cidade e a sujeira do leito dos rios.
Entre mortos e esquecidos, ganham todos. Ganha São Paulo.
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