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Crônicas & Artigos

em 24/04/14

A hora e a vez do ituano

por Antonio Penteado Mendonça

Pode parecer que estou atrasado, que cheguei tarde, mas foi de propósito. Falar do Ituano e sua vitória sobre o Santos na semana passada seria chover no molhado. Todo mundo estaria comentando, todo mundo estaria analisando e a Crônica passaria batida.

Agora, não. Agora todo mundo já falou o que quis e por isso a Crônica chega na hora certa. Ela não vai entrar no crescimento do futebol do interior, nem na queda dos grandes diante de forças inesperadas, que chegaram com a energia dos bárbaros invadindo o Império Romano e subindo o Palatino enquanto Papa e Imperador fugiam pelas ruas escuras.

Não, não é por aí que a coisa gira. O que ficou claro ao longo do Paulistão é que o futebol brasileiro está tão contaminado quanto o resto da sociedade. Ninguém quer fazer força para justificar o salário. O negócio é ser amigo de doleiro, traficante, corrupto e, se der, arrumar uma boquinha em algum canto, de preferência com o governo pagando a conta.

O Santos até jogou melhor do que os outros chamados grandes, mas nada que empolgasse ninguém. Quem já viu o Santos jogar quando o Santos era o Santos sabe que o que ele fez mal deu pro gasto, tanto que, na final, com todas a vantagens a seu favor, acabou perdendo. Merecidamente perdendo para o Ituano.

O Ituano não deu um show de bola. Nem tem time pra isso. Mas fez a lição de casa, ainda que no segundo jogo gastando o primeiro tempo inteiro com bobagens de time grande habituado a catimbar o jogo.

O Campeonato Paulista é o retrato do que está para acontecer com o país. Quem acha que o brasileiro aceita tudo e que é só forçar um pouquinho para as coisas se acertarem está completamente enganado. O diabo existe e saiu do inferno para cobrar as dívidas atrasadas.

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