A Grã-Bretanha vira a mesa
O resultado do plebiscito com a vitória da saída da Grã-Bretanha da União Europeia mostra que não somos apenas nós que conseguimos bagunçar o jogo. O que os britânicos fizeram, além de jogar fora 43 anos de dura integração, foi brincar com fogo, com resultados inimagináveis para eles próprios e para o mundo como o conhecemos.
A União Europeia está longe de ser perfeita, mas é a mais sofisticada estrutura política montada pelo ser humano, que teve como resultado transformar as relações beligerantes de países com diferenças milenares no maior mercado do mundo.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial o planeta não se envolve num conflito de proporções continentais. Na base disso está o processo geopolítico que nasceu Comunidade Econômica Europeia e transformou-se, em 70 anos, na União Europeia. A soma de 28 nações que, abrindo mão de parte de sua autonomia nacional, moldaram o território livre da Europa, com vantagens claras para toda a humanidade.
É aí que entram os britânicos. Na cola de uma campanha feita nas coxas, os líderes do Reino Unido perderam o controle de um processo mal pensado e mal executado, permitindo que uma decisão da seriedade e com as consequências possíveis da saída da Grã-Bretanha da União Europeia fosse definida com a metade mais um dos votos válidos.
O que vai acontecer ninguém sabe. A própria Grã-Bretanha está ameaçada pelas independências de Escócia e da Irlanda. Quanto à Europa, catalães, valões e separatistas em geral são suficientes para o momento.
O duro é que, na posição britânica, não há um único argumento com grandeza moral. As verdadeiras razões da saída foram racismo, egoísmo, mesquinharia, ganância e medo de competição. O resto é bobagem. O que prova que o ser humano rico não é melhor que o ser humano pobre.
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