A finalidade é nobre
Confesso que estava incomodado com o lixo jogado na calçada da Casa do Bandeirante. Com a falta de respeito com o significado da praça, com a cidade e com Monteiro Lobato, que dá nome ao local.
Faz pouco tempo que a Prefeitura devolveu a singela casa colonial. Depois de muito tempo fechada, foi reformada e está lá, aberta, para mostrar a quem se interessar como era uma casa de fazenda paulista, no final do ciclo monçoeiro.
Depois dos bandeirantes, a casa foi usada, sempre como sede de fazenda, por muitos e muitos anos. Chegou no século 20 depauperada, mas era um marco na evolução da cidade. Acabou protegida ou, pelo menos, parcialmente protegida. E assim chegou aos dias de hoje.
O que me espantou foi que, logo depois da reforma, jogaram uma bela quantidade de lixo de construção numa de suas calçadas.
Passou tempo, tempo passou, e nada da Prefeitura valorizar o pedaço, retirando o entulho do local. Não conseguia entender o descaso, a falta de respeito, a falta de sensibilidade com um monumento histórico, a sujeira em volta de uma praça usada por crianças.
A primeira resposta veio de supetão: quem sabe a Prefeitura estivesse envolvida em algum projeto secreto para criar uma nova praga? Uma epidemia capaz de abrir grandes claros na massa urbana?
Os ratos seriam bons vetores. Ou as baratas. Ou os pernilongos. Ou a soma de todos eles, multiplicados pela sujeira e pelo ambiente propício à sua reprodução. Por que não? Mas não fiquei convencido. Faltava algo.
A resposta caiu feito um raio logo depois de 25 de janeiro. A Prefeitura está aprimorando a homenagem a Leonardo Nunes e seus jesuítas. É o resgate da Vila quinhentista. O entulho é para refazer a antiga tranqueira que cercava e protegia São Paulo por volta de 1560.
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