A chegada das Paineiras
É verdade, não são muitas, mas dão conta do recado. Nesta época do ano, a festa é delas, por isso fazem o possível para compensar com a florada intensa a falta de número na corrida com as quaresmeiras e os ipês.
Além disso, algumas estão plantadas em locais estratégicos, que chamam a atenção de quem passa pelo pedaço. Elas se valem dessa vantagem para compensar a desvantagem numérica e darem o recado se enfeitando com o que há de mais belo e mais delicado entre os vários tons de rosa.
Há quem diga que os sabiás gostam mais das paineiras e que são aliados delas, servindo de mensageiros entre as árvores, levando as informações na rapidez de seu voo de ave de asas grandes.
Uma sabendo o que a outra está fazendo permite que as ações aconteçam de forma concatenada, maximizando o efeito de suas cores, colocadas em contraste com o céu mais azul dos meses de outono.
Cada um deve se valer de suas forças e capacidade intelectual para chegar lá, numa competição honesta sobre quem é que tem a florada mais bonita da capital.
As quaresmeiras jogam com o número, os ipês, com a sequência de seus vários subgrupos, as azaléas, com os renques fortes, as espatódias, com a imprevisibilidade, enfim, cada uma cuida de si e de seu momento, então não há razão para as paineiras não fazerem exatamente o mesmo.
E elas fazem, e fazem com competência. Se não são muitas, a parceria com os sabiás é um caminho importante para agirem em conjunto e em sequência, valorizando a explosão de cada árvore, especialmente nas esquinas estratégicas. Além disso, usam a cor do céu e a estrutura de seus galhos para valorizar o momento. Pouca coisa é mais bela que uma paineira florida. Ainda mais com um sabiá cantando nos seus galhos.
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