50 anos atrás
50 anos atrás, São Paulo era diferente. O mundo era diferente. A vida era diferente.
Não havia celular, os telefones eram de disco e o Brasil tinha imensas áreas sem energia elétrica. Era ruim? Não, era diferente. E era muito bom.
Há 50 anos, a música explodia no planeta. O que era feito aqui e no resto do mundo tinha uma qualidade incrível, tanto que, até hoje, meio século depois, continuam tocando e sendo sucesso.
Beatles, Rolling Stones, The Who, Simon & Garfunkel, Bob Dylan, as músicas italianas, Françoise Hardy, Michel Polnareff, meu Deus! O mundo tinha cantores e compositores inacreditáveis.
E o Brasil não ficava atrás. Chico, Caetano, Roberto e Erasmo Carlos, os irmãos Valle, Milton Nascimento, Vandré, Edu Lobo e os geniais Vinícius de Moraes e Tom Jobim colocavam o país no páreo e a corrida era para ganhar.
O cinema ia muito além da Hollywood de hoje. França, Itália, Alemanha, Suécia, Japão e Espanha faziam filmes da melhor qualidade. E o Brasil também fazia cinema de primeira.
Foi nessa época que descobri o teatro. Édipo Rei, com Paulo Autran. Foi amor à primeira vista, levado pelos meus pais e incentivado pelos meus tios Alfredo e Paulo, fortemente engajados com o teatro de São Paulo.
O ponto de encontro era a Rua Augusta. Lá ficavam as melhores lojas, cinemas, galerias. A vida subia e descia a rua, passando pela Rastro, Via Condotti, Casas Toddy, Hy-Fy e o antiquário de meu tio Fernando.
Isso tudo, fazendo ar de gente grande, com calça Lee, sapatos do Adriano e colônias como Pour un Homme, Yardley ou Aqua di Selva.
Sem saudade ou vontade de voltar ao passado, foi um tempo muito bom e muito bonito.
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