Um setor com muito potencial
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Recentemente preparei uma palestra para a Reunião Nacional Virtual da ABEPOLAR (Associação Brasileira de Ecologia, Prevenção à Poluição e Defesa Civil), a mais antiga ONG nacional focada na prevenção do meio ambiente, para mostrar a eles o setor de seguros brasileiro. Ficou um texto rico e principalmente otimista, num cenário em que as coisas não vão tão bem ao redor do planeta e no Brasil.
Resumidamente, mostro a atividade desde seu princípio, recordando a Companhia Boa Fé de Seguros, criada por D. João VI logo depois de abrir os portos e fundar o Banco do Brasil. Ainda que de vida efêmera, a criação da seguradora pelo rei de Portugal, em 1808, deixa clara a importância do seguro para a Coroa, bem como sua visão de proteção social, materializada inicialmente, através da criação pelo rei D. Diniz de um fundo para repor as embarcações perdidas, na distante década de 1350.
Em meados do século 19, outras companhias de seguros são formadas e, no final de 1800, o Brasil tem um mercado relativamente dinâmico, dominado por seguradoras internacionais. Esse cenário vai até 1939, quando o governo nacional cria o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e dá a ele o monopólio do resseguro no país, situação que perdura até 2007, quando o setor é aberto à iniciativa privada e o IRB transformado num ressegurador local.
Somando seguros gerais, vida, previdência privada aberta, capitalização e saúde privada, o setor faturou em 2021 algo próximo de quinhentos bilhões de reais, o que o coloca entre as principais atividades geradoras de poupança no país, com reservas técnicas de mais de um trilhão e duzentos bilhões de reais.
Para quem acha que as seguradoras são companhias frias e insensíveis, que só querem tirar o dinheiro do segurado, é importante salientar que as operadoras de planos de saúde privados cobriram em 2021 mais de um bilhão de procedimentos e que as seguradoras pagaram mais de seis bilhões de reais em indenizações decorrentes de mortes por covid19, em princípio, um risco excluído.
Mas bom é andar pra frente, então, o que interessa é o futuro e aí as deficiências estruturais da atividade, a principal delas a baixa penetração na sociedade, se tornam as grandes aliadas para um crescimento importante ao longo dos próximos anos. Em termos simples, o setor tem potencial para dobrar de tamanho, bastando para isso o aquecimento da economia e a geração de emprego e renda.
Atualmente, o Brasil tem mais de dezoito milhões de imóveis sem qualquer tipo de seguro. A maioria das empresas não tem seguro ou tem planos inadequados. Grande parte das cargas transportadas não são seguradas. Seguros financeiros, de garantia e de responsabilidade estão engatinhando. Os seguros para mudanças climáticas são quase inexistentes. Os seguros de pessoas podem crescer bastante. E o seguro para o agronegócio está apenas começando.
É um cenário desafiador, mas otimista e está aberto para quem investir em novos produtos e soluções para atender as necessidades de proteção da sociedade. Ninguém discute, agora, a coisa está complicada, mas, em poucos anos, o setor de seguros nacional pode dobrar de tamanho e isso escancara uma grande gama de oportunidades para quem acreditar e entrar de cabeça.
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