Seguro é mais do que negócio
Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça
O negócio do seguro tem princípios que transcendem a simples assinatura de um contrato com obrigações bilaterais unindo segurado e seguradora, numa avença de consumação aleatória. O pedido de indenização pode ou não ser feito, dependendo da ocorrência do fato gerador e da existência de uma perda financeira. Importante salientar que a imensa maioria dos contratos de seguros não é acionada pelo segurado. É isto que permite que o preço da apólice seja baixo, em relação ao valor da proteção oferecida.
Seguro se baseia em princípios como solidariedade, compaixão, repartição das perdas e proteção social. Sua base é um fundo composto pela participação proporcional ao risco de cada segurado. Com o tempo, essa operação se transformou em negócio e as seguradoras se estruturaram, como mútuas ou sociedades anônimas, com regras claras de funcionamento e forte controle para garantir a higidez, a imparcialidade e a segurança da avença, principalmente em favor do segurado.
Mas as seguradoras vão além do negócio e oferecem para a sociedade uma série de ações com foco em questões importantes para o bem-estar social e que, naturalmente, as beneficiam, ainda que de forma indireta.
Quanto menos indenizações a seguradora pagar, melhor para ela e para o segurado. Ela tem como consequência um resultado melhor e o segurado, um seguro mais barato. Os dois lados saem ganhando.
É assim que já faz anos que as seguradoras se debruçam sobre temas como o aquecimento global e as mudanças climáticas. Com ações próprias e financiando trabalhos científicos, elas investem pesado na busca de soluções que minimizem os estragos decorrentes do aumento da temperatura. É olhar o que está acontecendo no mundo para se entender por que elas fazem isso. Os custos das indenizações estão subindo e isso não é bom para elas.
Mas não é só em temas como esse que elas investem pesado. Na semana passada, participei de um grande evento realizado por uma das maiores seguradoras do país para discutir o aumento da longevidade e seus impactos sobre a vida das pessoas. Importante salientar que em nenhum momento houve a apresentação de seus produtos ou a tentativa de vendê-los. O que estava em discussão – e foi alvo de painéis muito bem elaborados – era o aumento da idade média e, principalmente, o aumento da qualidade de vida das pessoas mais velhas.
Numa sequência dinâmica, foram colocadas questões como o preconceito contra os mais velhos, o medo do envelhecimento, ações para melhorar a saúde e a qualidade de vida, a importância da medicina, da alimentação e dos cuidados com o corpo, além de depoimentos de pessoas famosas que envelheceram e que estão bem resolvidas diante da vida e da sua idade.
Eu já disse mais de uma vez: as pessoas só envelhecem porque não morrem. E, entre as duas alternativas, com certeza, envelhecer com saúde é melhor que morrer. O evento mostrou isso com competência, baseado na evolução da ciência e nos ganhos decorrentes dela. Mas, acima de tudo, deixou claro que se envelhecer é inexorável é melhor fazê-lo de forma saudável e inteligente para continuar aproveitando tudo de bom que a vida oferece.
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