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Crônicas & Artigos

em 08/07/22

Seguro e criminalidade

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

O negócio do seguro é proteger patrimônio e capacidade de ação garantidos pelas apólices. O pagamento da indenização pode ou não acontecer, sendo que é justamente a aleatoriedade que permite que as seguradoras aceitem os riscos propostos por preço infinitamente menor do que o valor do bem segurado.

As seguradoras trabalham com tábuas estatísticas que lhes permitem quantificar cada seguro de acordo com a sinistralidade média e as tipicidades de cada proposta. A seguradora sabe com bastante certerza o comportamento de cada ramo de seguro e com base neste conhecimento consegue taxar suas apólices com exatidão.

O acompanhamento do que acontece no cotidiano da sociedade permite que a seguradora se previna de desvios inesperados, tanto no que diz respeito aos riscos, como às tentativas de fraude, parte das quais ela não consegue comprovar, o que a obriga ao pagamento da indenização.

O aumento das indenizações leva, naturalmente, ao aumento do preço do seguro. Não tem como ser diferente. As seguradoras trabalham com margens apertadas e seu principal gasto é com as indenizações. Se estas sobem, a seguradora, em algum momento, tem que mexer nas taxas aplicáveis aos riscos para reequilibrar o resultado operacional.

As crises são momentos em que a sinistralidade tende a aumentar. Em função delas, há o relaxamento na manutenção, dispensa de funcionários, aumento das fraudes e explosão da criminalidade e da violência.

O Brasil atravessa um desses momentos, com a soma de todos os fatores influindo negativamente na sinistralidade das seguradoras. Em 2021 aconteceu o aumento expressivo dos sinistros, puxado pelos seguros de veículos e pelo seguro rural. Mas não foram apenas eles que apresentaram crescimento. 2022 começa mantendo a tendência no seguro rural e no seguro de veículos. E outros ramos também preocupam.

A criminalidade está em alta e, principalmente na cidade de São Paulo, o roubo de celulares explodiu, inicialmente por conta dos próprios aparelhos e depois por causa da possibilidade dos ladrões acessarem as contas correntes dos proprietários e, usando o PIX, sacarem rapidamente os recursos depositados.

Além do roubo de celulares, aumentou muito os assaltos nas ruas e há também o aumento dos roubos de residências, muitas vezes com os bandidos usando as roupas dos entregadores de aplicativos para facilitar o acesso. Quer dizer, eles assaltam primeiro os entregadores, roubam suas motos, suas roupas e mochilas, para depois assaltarem as casas, praticando, assim, dois crimes quase que concomitantemente ou numa mesma ação.

As seguradoras estão atentas aos fatos e já sentiram o impacto desses crimes em suas carteiras. Se a situação não for revertida com a efetiva queda da criminalidade e se a polícia não conseguir passar sensação de segurança para a população, não demorará muito para esses riscos não serem mais aceitos ou, se o forem, terem o preço exponencialmente aumentado, aliás, como já vem acontecendo com vários seguros empresariais.

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