Riscos Cibernéticos
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Em 2023, o Brasil registrou 230 mil golpes digitais. Golpes digitais não são invasão, nem vazamento de informações confidenciais. Golpes digitais são tentativas de estelionato. A velha história do bilhete de loteria premiado trazida para os dias atuais. E eles estão cada vez mais sofisticados.
Recentemente, recebi um telefonema de alguém que se dizia assessor de investimentos do meu banco e que trabalhava com minha gerente, que tinha pedido que ele entrasse em contado comigo porque tinham novas opções de aplicações que poderiam me interessar. Dado importante: o telefone na tela do meu celular era o telefone do banco e ele sabia o nome da minha gerente. A história só não avançou porque eu disse que iria telefonar para ela. Ele polidamente desligou e nunca mais telefonou. Quando falei com minha gerente, ela me disse que não havia me indicado para nenhum assessor. Confesso que fiquei impressionado com o grau de profissionalismo da quadrilha.
Pouco depois, um funcionário do meu escritório teve a conta invadida, o empréstimo pré-aprovado foi usado e os bandidos fizeram três pix, limpando a conta e o valor do empréstimo, que está sendo cobrado pelo banco, que não reconhece que foi golpe.
Esses são só dois casos, um que acabou bem e outro que não acabou bem. Poderia dar mais dezenas de exemplos, com golpes de todos os tipos, usando a internet ou fazendo o titular da conta ir até a agência, sacar o dinheiro e transferir para a conta do bandido, que, curiosamente, com toda a tecnologia existente, normalmente não é identificada, permitindo aos golpistas desaparecerem com a grana.
Mas os golpes digitais são uma pequena parcela do que acontece no mundo dos crimes digitais. Uma modalidade que não é muito falada, até porque pega mal para a vítima, é o sequestro e o bloqueio do sistema de TI de uma empresa. Os golpistas invadem a rede, bloqueiam seu funcionamento e cobram um resgate para liberar sua operação. Como não tem o que fazer, as empresas pagam.
A grande preocupação são os hackers, que invadem sistemas altamente sensíveis, como as redes de defesa dos países, o banco de dados de grandes corporações, como bancos e cartões de crédito, e vazam informações confidenciais de milhões de pessoas. Mas o universo dos crimes digitais não se encerra aí. Diariamente, os criminosos estão desenvolvendo novos golpes, novas formas de acessar bancos de dados e invariavelmente eles estão à frente dos especialistas em bloqueá-los.
A estimativa é que os riscos cibernéticos já causem trilhões de dólares em prejuízos decorrentes de acidentes e/ou de crimes. É uma ordem de grandeza impressionante e o dado mais preocupante é que, na imensa maioria das vezes, a vítima não tem seguro ou outra forma de minimizar suas perdas. O prejuízo é certo e pode custar muito caro.
É importante dizer que nem todos os riscos cibernéticos podem ser segurados. Além disso, nem sempre a proteção oferecida protege eficientemente o segurado. Como cada caso é um caso, a melhor providência é consultar um corretor de seguros que conheça esses riscos, para ele fazer uma avaliação e oferecer as melhores soluções.