Para enfrentar os desastres do verão
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Para quem acha que a natureza decidiu implicar com o Brasil, alguns dados para desfazer o mal-entendido. Não tem dúvida nenhuma, as coisas por aqui estão longe de estarem bonitas. A seca brutal que assola grande parte do território nacional terá consequências na economia. As queimadas, além destruírem natureza e agricultura, estão cobrindo o céu com uma enorme nuvem de fumaça e vão ajudar a encarecer a conta. Tem pouco que pode ser feito e, mais uns dois meses, entramos na época das chuvas, que, se, de um lado, ajudam a debelar os problemas atuais, de outro, trarão enchentes, deslizamento de morros e destruição de maneira geral. Entre secos e molhados, o retrato está longe de ser bonito ou reconfortante, mas o resto do mundo não está melhor.
O furacão Helene se abateu sobre os Estados Unidos com força e já é considerado um dos maiores dos últimos 80 anos. Até agora, são mais de cem mortos e as seguradoras norte-americanas estimam os prejuízos em mais de cem bilhões de dólares. As imagens da destruição são apavorantes e ainda falta muito para se ter uma ideia real das perdas diretas e indiretas causadas por ele.
Do outro lado do país, incêndios florestais também causam danos significativos, mostrando que, contra a natureza enfurecida, há pouco que mesmo a nação mais poderosa do planeta possa fazer. Mas o quadro é muito pior.
Incêndios florestais, depois de queimarem extensas áreas em Portugal, atingem a Grécia, enquanto, do outro lado do mundo, a China sente a força dos tufões que se abatem sobre seu território e o Japão não fica atrás, varrido por um tufão de força máxima em agosto e um terremoto forte em setembro.
Se esses eventos acontecessem em áreas completamente desabitadas, em desertos ou no meio dos oceanos, seriam apenas eventos naturais que atingem regularmente o planeta, dentro da rotina da Terra, desde que ela existe. Acontece que, desta vez, ao contrário das anteriores, temos o dedo do ser humano metido na história e, mais grave ainda, temos pessoas morrendo e trilhões de dólares sendo perdidos. O duro é que o quadro só deve se agravar e, ainda que tentássemos reverter o aquecimento global, interrompendo imediatamente todas as emissões de gases do efeito estufa, os resultados demorariam várias décadas para serem sentidos.
O próximo verão está batendo na porta e, com base nos anos anteriores, é fácil garantir que o Brasil será severamente atingido por uma série de tempestades e outros fenômenos climáticos típicos da estação, capazes de causarem mortes e prejuízos elevados.
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, Europa e Japão, que têm parte desses riscos segurada, e da China, que tem caixa para minimizar os prejuízos, nós navegamos sem bússola e sem compasso, ou seja, dependendo da ajuda do Governo Federal, que não é famoso por ser eficiente ou generoso. Nós não temos planos de prevenção de riscos, políticas de assentamento populacional ou seguros para indenizar as perdas.
Diante deste cenário, a Academia Paulista de Letras, o SINDSEG-SP (Sindicato das Seguradoras do Estado de São Paulo) e a CNSEG (Confederação Nacional das Seguradoras) promoverão, no dia 5 de novembro, um seminário com o objetivo de analisar, discutir e apresentar soluções para minimizar os problemas que fatalmente se abaterão sobre nós. Participe, as inscrições são gratuitas.