O problema fica cada vez mais sério
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O Presidente Obama acaba de definir a nova postura norte-americana diante dos riscos das mudanças climáticas. Em pronunciamento mais ou menos inesperado, ele determinou a redução drástica do consumo de carvão para geração de energia elétrica e em prazo exíguo, levando em conta a postura do país diante do tema.
Nada que não esteja acontecendo no restante do mundo. A verdade é que as mudanças climáticas estão aí. Só não vê quem não quer. E elas estão causando danos cada vez maiores ao ser humano.
As razões para isso não são difíceis de serem explicadas. Com relação ao clima, não é a primeira vez que ele sofre mudança. Há dez mil anos boa parte da Europa estava coberta de gelo. O crescimento do homo sapiens se dá depois desta época, abrindo uma era de progresso impressionante, que segue ininterruptamente até os dias de hoje e consolidou a espécie como a grande dominadora do planeta.
Até que ponto somos ou não responsáveis pelo fenômeno da mudança climática é irrelevante. Com a nossa ajuda ou sem ela, o clima poderia mudar. O problema não é esse. O problema é de que forma esta mudança pode afetar a vida do ser humano ou até mesmo comprometer o seu futuro. Esta é a resposta que todos esperam, mas, como sói acontecer, ninguém tem.
O que é certo é que fenômenos de origem climática estão ganhando intensidade e aumentado de frequência, atingindo áreas onde não eram comuns. A seca que atinge a Califórnia há quatro anos é atípica. Da mesma forma, a seca que atinge o sudeste do Brasil também é atípica. Como são atípicas as chuvas torrenciais que atingem locais onde elas não eram comuns até recentemente.
O degelo dos polos está em franca expansão e o aquecimento global transforma áreas até há pouco tempo inóspitas em terras agriculturáveis, como se vê na Groenlândia. A contrapartida é que áreas tradicionalmente férteis em outras regiões estão se transformando em desertos.
O planeta já viu isso outras vezes, da mesma forma que assistiu à extinção de espécies poderosas, como os dinossauros, que durante milhões de anos foram os senhores da terra.
Quer dizer, o planeta assistirá ao fenômeno mais uma vez e continuará girando em volta do sol, indiferente à extinção ou ao surgimento de novas formas de vida. Para a Terra é a mesma coisa o ser humano existir ou não.
Mas o cenário muda de figura para o ser humano. De verdade, nós não queremos sair de cena, nem abrir mão da posição dominante que temos hoje em dia. Como no curto prazo não há muito que possa ser feito, por razões técnicas, econômicas e políticas, resta a cada um rezar e tentar fazer o máximo possível para, dentro de nossas vidas, minimizar os danos.
De outro lado, várias atividades diretamente impactadas pelo fenômeno estão em busca de soluções que minimizem os prejuízos. Entre elas, o setor de seguros está seriamente comprometido com o estudo, dimensionamento e implantação de soluções capazes de evitar o colapso do sistema, em função da ordem de grandeza que cada evento tem adquirido.
Como não há tempo hábil ou dinheiro para realocar grande parte da população humana, retirando-a das zonas de risco, o jeito é desenvolver novos produtos de seguros e resseguros, mais adequados ao novo momento.
Além disso, é fundamental a criação de forte parceria entre as seguradoras e os governos nacionais. Sem isso, a capacidade de enfrentar danos, tanto dos governos, como do setor de seguros, ficará seriamente comprometida, com resultados dramáticos para a população atingida.
Não tem mais como empurrar com a barriga. Ou todos se unem na busca das soluções, ou a ordem de grandeza dos danos inviabilizará as medidas para proteger o ser humano contra os danos mais pesados que ele já sofreu em sua história.
Não é possível esquecer que o que aconteceu no Nepal pode acontecer amanhã na Califórnia. Da mesma forma que o agreste nordestino pode se espalhar pelo fértil sudeste do Brasil. Em outras palavras, não dá mais para esperar.
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