Números interessantes
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
A economia brasileira levou um tombo de mais de 4% no ano passado. É muito menos do que os 10% inicialmente esperados, mas, mesmo assim, é número suficiente para comprometer o crescimento do país, até porque veio depois de um percentual bastante baixo em 2019.
2021, que tinha tudo para ser um ano tão ou mais complicado que 2020, está mudando o jogo. As últimas previsões já falam em crescimento de mais de 4%, o que seria o melhor dos mundos, porque mostra que a pandemia não teve o impacto incialmente esperado, com a chegada da segunda onda. Tivemos mais de 4 mil mortos por dia, mas a economia girou. Seja porque as pessoas não aguentavam mais ficar em casa, seja porque precisavam trabalhar e ganhar o pão de cada dia, o fato é que o isolamento social caiu e o estrago na economia foi compensado pelas pessoas trabalhando, pelo aquecimento de determinados setores da indústria e pelo crescimento acelerado do comercio eletrônico.
Ainda é cedo para se ter certeza de que as previsões se cumprirão e que a economia terá ao longo do ano um desempenho de mais de 4%. Neste exato momento estamos assistindo a ocupação dos leitos de UTI voltar a subir e estudos da maior seriedade estão indicando que no final do mês poderemos estar de novo no patamar de 3 mil mortos por dia, com possibilidade concreta do movimento se transformar numa terceira onda do coronavírus. Neste momento o vírus corre solto e está bem à nossa frente. Alimentado pela falta de vacinas, o que compromete a aplicação da segunda dose, e pelo arrefecimento do isolamento social, ele se espalha pelo país, puxado por uma nova cepa que se mostra bem mais contagiosa.
Este é o cenário do país e ele tem impactos positivos e negativos na vida da sociedade. Não há dúvida de que o número de mortos é o marco mais importante e ele não pode ser disfarçado por nenhuma outra ação ou fato. O Brasil perderá, até o final deste ano, perto de 600 mil cidadãos. É um número maior do que o total de soldados norte-americanos mortos na Segunda Guerra Mundial e é um número imperdoável, porque ele poderia ser bem menor se o Governo Federal tivesse feito sua parte desde o início da pandemia.
O setor de seguros fechou 2020 com um dos melhores desempenhos da economia nacional. Perto do que aconteceu com outros setores econômicos, pode-se dizer que os números consolidados foram bons, especialmente diante da recessão que atingiu fortemente as estruturas da nação.
Agora estão saindo os números do primeiro trimestre de 2021 e eles são positivos, na comparação com o mesmo período de 2020. Todavia, para se ter uma ideia mais precisa da realidade do setor, a leitura deve ser feita abrangendo um período mais longo e aí o resultado do primeiro trimestre deste ano é pior do que o resultado do último trimestre de 2019 e do último trimestre de 2020.
De acordo com dados publicados pela Conjuntura CNSeg nº 43, editada pela CNSeg (Confederação Nacional das Seguradoras), no primeiro trimestre de 2021, as reservas do setor atingiram 1,2 trilhões de reais. Para mostrar a ordem de grandeza da atividade seguradora, o fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, um dos maiores do país, tem patrimônio de 80 bilhões de reais.
Interessante notar que os números do primeiro trimestre foram fortemente influenciados pelo desempenho dos seguros de danos e responsabilidades, além dos resultados de vida e previdência complementar aberta, que mostram a retomada da atividade empresarial, a maior preocupação das pessoas com seus patrimônios e, dado relevante, uma maior sensibilidade, evidentemente decorrente da pandemia, com a importância da adoção de medidas para proteger a família no caso da ausência do seu arrimo.
Ainda tem muita água para passar debaixo da ponte, mas a se manter as previsões atuais, 2021 será um ano melhor do que o esperado para a economia nacional como um todo e será um ano melhor ainda para o setor de seguros especificamente.
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