João Elísio Ferraz de Campos
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
João Elísio Ferraz de Campos está completando oitenta anos. Provavelmente, alguns dos mais jovens não se lembrarão dele, mas, por mais de duas décadas, ele foi um dos principais nomes do setor de seguros, tendo sido presidente da FENASEG (Federação Nacional das Seguradoras) e depois da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) entre 1992 e 2010. E até hoje ele tem vínculo com a atividade. É o presidente do Conselho de Administração da Centauro ON, seguradora com sede no Paraná, seu estado natal.
Lembrar João Elísio em seu aniversário de oitenta anos é, em primeiro lugar, uma homenagem a um querido amigo, mas, mais importante, é resgatar o período atualmente pouco lembrado em que a atividade seguradora adquiriu as principais características que a moldaram e permitiram crescer até atingir o tamanho e a maturidade atual.
Ninguém chega a mais de um trilhão e quinhentos bilhões de reais em reservas sem ter uma história. O setor de seguros brasileiro não é exceção. Ele tem uma longa história, iniciada com a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808.
Um dos primeiros atos do rei já no Brasil foi a criação da Companhia Boa Fé de Seguros. Ainda que tendo vida curta, ela inaugurou no país uma atividade da mais alta importância para a proteção da sociedade. Com seu desaparecimento, o mercado foi ocupado por companhias internacionais que abriram filiais aqui e, na sequência, aos poucos, foram sendo criadas companhias brasileiras.
O grande marco do início da modernização do seguro brasileiro foi a criação do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), órgão monopolista, que tinha a missão de desenvolver o mercado e reter os prêmios de resseguros.
O segundo momento que marca a atividade pode ser colocado na década de 1980. É nela que se iniciam os primeiros movimentos para flexibilizar o setor, começando pelo fim das tarifas únicas impostas ao mercado pelo IRB. Ao mesmo tempo, o período é altamente desafiador, em função da inflação que comia solta e desarranjava a economia.
É neste momento que João Elísio Ferraz de Campos começa sua jornada vitoriosa como líder do setor e que terminou com a criação e consolidação da CNseg e das quatro federações que atualmente compõem a representação sindical das seguradoras.
Em 1992, ele assume a presidência da FENASEG, então o órgão máximo da categoria e, entre chuvas e tempestades, com a inflação comendo solta, inicia um amplo trabalho para o reposicionamento da atividade na economia nacional. É sob sua presidência que o mercado supera os desafios da hiperinflação e chega ao Plano Real pronto para o grande salto que o transformou operacionalmente e catapultou sua participação de menos de um por cento do PIB para os atuais seis por cento, com reservas de mais de um trilhão e quinhentos bilhões de reais. É também o momento da criação e consolidação da CNseg.
Parabéns, meu amigo João Elísio Ferraz de Campos! Ao chegar aos oitenta anos, você pode deitar a cabeça no travesseiro e dormir o sono dos que sabem que fizeram sua parte. E parabéns ao setor de seguros, que, ao longo dessas décadas, se profissionalizou, amadureceu e mudou de patamar.
Voltar à listagem