Emergência Climática
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Na próxima terça-feira acontece o seminário Está Chegando o Verão: Mudanças climáticas, urbanização e vulnerabilidades – Impactos no curto prazo. Parceira da Academia Paulista de Letras com a Confederação Nacional das Seguradoras e com o Sindicato das Seguradoras do Estado de São Paulo, ele pretende discutir pragmaticamente as mudanças climáticas e seus impactos imediatos na vida do brasileiro, analisando o que deve acontecer neste verão, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, duas áreas tradicionalmente sujeitas às tempestades de verão que todos os anos se abatem sobre nós.
Com perto de duzentos participantes inscritos, o seminário terá a participação de especialistas da Academia Paulista de Letras, das seguradoras, do governo e da universidade, todos focando o curto prazo, o dia de amanhã e os próximos meses, para oferecer um desenho real do que vem pela frente e soluções para minimizar os impactos.
Não há como se falar em impedir as perdas. Elas acontecerão porque a natureza é muito mais poderosa que as forças humanas. Basta ver o que aconteceu agora mesmo na Espanha, onde tempestades avassaladoras destruíram cidades e áreas urbanas densamente povoadas, deixando um rastro de destruição e mais de 200 mortos e desaparecidos ao longo de sua passagem.
O fenômeno não é latino-americano, nem europeu. No mesmo dia que a Espanha foi devastada pela mais forte tempestade das últimas décadas, Taiwan foi alvo de um tufão com ventos de mais de 200 quilômetros por hora, que também inundou extensas áreas da ilha, deixando destroços onde antes eram casas e edifícios.
As mudanças climáticas se transformaram em emergência climática. As soluções devem resolver os problemas de ontem. Amanhã será tarde demais. Não há mais tempo para se analisar academicamente o quadro e apresentar soluções para serem implantadas em 10 ou 20 anos. Os eventos que se abatem cada vez com mais frequência e mais intensidade sobre todos os cantos da Terra chegaram para ficar. Estamos vivendo apenas o começo de uma era extrema, que alterará as condições climáticas com efeitos sobre todas as formas de vida, especialmente o ser humano.
No passado, o planeta sofreu profundas mudanças geológicas e climáticas, causadas por eventos naturais. Desta vez é diferente: o ser humano tem participação direta no que está acontecendo.
Ao longo de toda a tarde de terça-feira, temas relacionados aos prognósticos catastróficos do que está à nossa frente serão debatidos para oferecer soluções ou aconselhamentos sobre as providências a serem adotadas no curtíssimo prazo, na tentativa de reduzir as perdas de todas as naturezas que com certeza acontecerão nos meses de verão.
É triste, mas algumas regiões sofrerão mais do que as outras. Seja pela conformação geológica, pela localização, pela forma de ocupação do solo, sentirão mais os efeitos das tempestades, sem que tenham ferramentas adequadas para reduzir estes impactos.
De outro lado, é preciso planejar com seriedade alternativas para a realidade atual, envolvendo inclusive a realocação da população em áreas menos sujeitas a estes eventos.
É verdade, o seguro pode minimizar as perdas, mas, diante da realidade nacional, será um processo lento. Então, se não acontecer a parceria entre governo e iniciativa privada, o Brasil vai pagar caro a imprevidência das últimas décadas.