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Crônicas & Artigos

em 06/05/16

Educação financeira

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Se há algo que vai mal no Brasil é a educação como um todo. Tanto faz o nível da escola, estamos muito atrás do primeiro mundo e bem atrás de outras nações menos desenvolvidas, com o risco de ficarmos cada vez mais atrás de quase todo mundo, por conta dos equívocos que o passado recente da política nacional introduziu no modo de ver dos nossos governantes e outros interessados no assunto.

O resultado é uma sociedade onde, se, de um lado, o número de analfabetos absolutos tem caído, de outro, o número de analfabetos funcionais é absurdamente alto, mostrando que escola não ensina, nem forma e a faculdade não prepara para o dia a dia profissional.

O quadro é dramático e leva a problemas ainda mais complexos, como as eleições onde programas como o Bolsa Família compram a preço barato os votos de milhões de brasileiros, mantendo no poder gente interessada em que o cidadão médio continue um alienado, porque, se não fosse, com certeza não votaria nos políticos que estão aí.

Mas educação não é prerrogativa apenas das escolas. Existem várias outras formas de ensinar e aprender. Entre elas, merece destaque a educação financeira, tão necessária para um país como o Brasil, no qual milhões de pessoas sem qualquer familiaridade com o mundo formal passaram a ter acesso a linhas de crédito muito acima de sua capacidade de honrar os compromissos.
De repente, ou em poucos anos, graças ao Bolsa Família, milhões de pessoas entraram no mercado de consumo, sem saber o que é isso, como funciona e o que tem que ser feito para não se dar mal, como está acontecendo com boa parte dos que imaginavam que era tudo uma festa e que comprar sem poder pagar não teria consequências.

Não foi apenas porque a crise chegou que estas pessoas pararam de pagar ou de utilizar os bens adquiridos. Muitas o fizeram porque perderam o emprego, é verdade, mas outras o fizeram porque não levaram em conta, no momento da compra, que, além da prestação por 60 meses, teriam também um custo de manutenção e utilização dos bens.

Quantos milhares de brasileiros que adquiriram carros não conseguiram pagar a gasolina, as revisões, a troca de pneus e pastilhas de freios, a suspensão, etc.? Quantos, por causa disso, deixaram os veículos nas garagens? E quantos, ao tentarem vender os bens, descobriram que há uma enorme diferença entre o preço de compra e o preço de venda? Quantos tiveram os carros retomados pelos agentes financeiros? Quantos tiveram que amargar o prejuízo de ter o carro roubado e continuar pagando as prestações porque não contrataram ou não pagaram as prestações do seguro?

O nome da ação que ensina a fazer tudo isso de forma correta é educação financeira. Educação financeira é saber que não dá para gastar mais do que se ganha. Que o cheque especial existe para uma emergência intransponível e não para gastar dinheiro em coisa fúteis, desnecessárias, ou mesmo úteis, mas além da capacidade econômica do cidadão. Que a regra vale para o parcelamento do cartão de crédito, paras os crediários ditos sem juros e até para seguros que embutem uma margem absurda a título de comissão de corretagem.

A educação financeira é matéria na pauta de todos os países preocupados com as condições de vida de seus cidadãos. O desconhecimento do funcionamento do mundo dos financiamentos, dos contratos, dos investimentos, das ações e dos seguros não é exclusividade dos brasileiros. E o assunto é estudado e debatido nos mais variados fóruns, regionais, nacionais e internacionais.

No setor de seguros, está, já faz algum tempo, na pauta da Confederação das Seguradoras, da Federação dos Corretores de Seguros e dos Sindicatos Estaduais das duas categorias. Mas não é só a inciativa privada que se preocupa com o tema. As autoridades mais conscientes também estão estudando o assunto e buscando soluções para melhorar o conhecimento da população sobre a melhor forma de cuidar de sua vida, escolhendo, priorizando e tomando as ações mais eficientes para o bem estar da família.

Neste sentido, vale informar que a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), afinada com o setor sob sua responsabilidade, estará divulgando, no próximo dia 19, no âmbito da 3º Semana de Educação Financeira, um amplo estudo sobre educação financeira e seus reflexos no mercado de seguros de vários países.

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