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Crônicas & Artigos

em 27/05/22

Desafios do seguro de transporte

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Não se tem falado muito nele. A bola da vez são as mudanças climáticas, as pandemias e os riscos cibernéticos, mas o seguro de transporte está diante de desafios importantes, que, com certeza, quando solucionados, farão as apólices atuais ficarem completamente ultrapassadas. Não que os conceitos e pressupostos irão mudar, afinal, o seguro de transporte, grosso modo, tem mais de quatro mil anos e sempre funcionou bem, com camelos e aviões a jato. Mas os riscos e as premissas de aceitação e precificação serão bem diferentes do que acontece atualmente.

Independentemente de ser seguro de transporte nacional ou internacional, o seguro de transporte deve seguir sendo um seguro porta a porta, com cobertura all risks. Não tem por que mudar suas características básicas, que atendem bem o mercado, protegendo adequadamente as cargas transportadas e os interesses envolvidos.

De outro lado, o mundo está diante de uma revolução tão importante quanto foi a entrada do petróleo na vida das nações. Se no final do século 19 os navios a vela, as carroças, as diligências e os cavalos cederam lugar ao vapor e ao óleo, que passaram a movimentar navios, trens, caminhões e automóveis, agora, energia elétrica limpa, energia nuclear, drones, aviões, foguetes, dirigíveis e outros veículos de todas as naturezas começam a substituir os veículos que entraram em cena durante o reinado do petróleo.

A mudança não se dará em vinte e quatro horas. Mas o processo está em curso e novas tecnologias já estão sendo empregadas, com alterações radicais nas premissas em vigor e que, por isso, exigem novas abordagens na definição e quantificação dos riscos.

Os navios serão diferentes, suas dimensões serão diferentes, a capacidade de carga será diferente, as formas de embarque e desembarque serão diferentes, as cargas transportadas serão acondicionadas de outras maneiras e a energia para movê-los também será diferente.

A mesma coisa se aplica ao transporte aéreo. Novos aviões dividirão espaço com novos helicópteros e drones de todos os tamanhos, para não falar nos estudos para reintroduzir dirigíveis como solução para o transporte rápido e barato de cargas, especialmente em longas distâncias.

Ainda que as coberturas dos seguros continuem as mesmas, determinados riscos perderão relevância, enquanto outros desafiarão as seguradoras, tanto em abrangência, como em precificação.

Além disso, os riscos políticos e econômicos, muito por conta da pandemia e da guerra na Ucrânia, também devem mudar. E esta mudança impactará a sinistralidade do seguro de transporte, ainda que indiretamente, de forma severa.

Assim, se as garantias dos seguros de transporte permanecerem as mesmas, as formas como a operação será realizada serão bastante diferentes. E estas diferenças, pela própria natureza, com modificações nos modais, nos veículos, nos combustíveis e na forma de manuseio, colocam desafios fascinantes na frente dos técnicos da carteira. Cabe a eles criarem novas regras de coberturas.

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