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Crônicas & Artigos

em 03/11/14

Como fica?

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo
por Antonio Penteado Mendonça

A vitória de Dilma Rousseff não foi a melhor notícia para a economia nacional. Não que a vitória de Aécio Neves garantisse automaticamente um cenário favorável, mas ele representava a esperança de mudanças mais acentuadas na forma de conduzir a economia brasileira, recolocando a nação no rumo da globalização e do aumento das parcerias com países mais interessantes do que Argentina, Venezuela e Cuba.

Não aconteceu e em história não existe o “se”. Então, é pensar como fica o cenário para 2015, com o PT mais quatro anos à frente do governo brasileiro. A primeira certeza, e essa não é minha, mas de todos os que se interessam pelo Brasil, é que 2015 será um ano difícil, com ajustes pesados que precisam ser feitos mexendo na inflação e com o câmbio desvalorizando o Real.

Até aí, o país poderia suportar a dose do remédio sem uma comoção mais forte. O problema é que a situação é mais grave do que parece. O fluxo de capital externo deve continuar em queda. A retirada de recursos do país deve se manter. Boa parte da indústria está sendo desmontada faz tempo, o que tira competitividade dos produtos brasileiros.

O agronegócio está sendo afetado pela longa estiagem que atinge grande área do território nacional. O preço do minério de ferro está mais baixo. A China deve crescer em patamares de fazer inveja para o mundo, mas abaixo de sua média histórica. A Europa está à beira da terceira recessão desde 2008. Os Estados Unidos, apesar da recuperação econômica em curso, estão mais preocupados com o que acontece no Oriente Médio. Nossos parceiros de América Latina estão piores do que nós.

Em bom português, a correção do rumo terá que ser feita com o navio em mar agitado e por capitão que terá dificuldades para explicar o que pretende fazer, especialmente para certos integrantes do PT que não concordam com o que precisa ser feito.

Se as mudanças fossem uma reivindicação natural de todo o país, a implementação já seria complicada. Com parte dos dirigentes do PT e de outros partidos menores que integram a base de sustentação do governo sendo contra, não tem como, fica muito complicado.

Isso no cenário mais otimista, aquele que parte do pressuposto de que a Presidente está sinceramente engajada em retomar o crescimento, modernizar a economia e desonerar a nação. Mas pode ser que a coisa não gire exatamente por aí. E então, como é que fica?

Um grande amigo diz, com toda a razão, que um país do tamanho do Brasil não acaba em quatro anos. É verdade. Mas a conta pode ficar cara. Neste cenário, como fica o setor de seguros, tido como uma atividade de suporte, ou seja, uma atividade que depende do crescimento dos outros setores para também poder crescer?

Por incrível que pareça, dentro do quadro pessimista para a economia em 2015, o setor de seguros ainda pode ter um desempenho positivo, ou menos negativo, comparado com outros setores. É obrigatória a renovação de grande parte das apólices em vigor. O DPVAT será pago. Por pior que seja a venda de veículos novos, estes bens continuarão a ser segurados, o mesmo acontecendo com parcela da frota com até 4 anos de idade. O seguro para o agronegócio deve crescer. Imóveis só são financiados se tiverem seguro. Os seguros de vida em grupo podem ter uma queda pelo desemprego na indústria, mas não será significativa. Os planos de previdência complementar aberta continuam sendo produtos de longo prazo com boa aceitação pelos investidores. Os planos de saúde privados são o sonho da parcela da população que ainda não tem acesso a eles. E os títulos de capitalização são mais procurados nas épocas em que ganhar na loteria faz diferença.

Quer dizer que para o setor o ano será bom? Não. Quer dizer que em qualquer circunstância será um ano difícil, mas que poderá ser melhor ou pior dependendo das ações de cada um dos players. Em época de crise cada um sabe de si.

E se sai melhor o mais profissional, o que conhece o que faz, o que toma as medidas corretas para proteger seu negócio. E isso vale para seguradores, resseguradores e corretores de seguros.

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