Celulares e seguro
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O mundo entra numa nova era. A chegada do 5G altera tudo que conhecíamos e que já nos parecia fantástico. A nova tecnologia tem o condão de revolucionar o modo como vivemos, não só nas linhas de montagem, nas fábricas, na forma de comprar e vender, mas também nas nossas casas.
O salto vertiginoso abre perspectivas que ainda são apenas esboçadas. Seu potencial vai além do que o estado da arte permite a ciência prever como a realidade do dia depois de amanhã. Mas já existem certezas. A vida doméstica sofrerá mudanças impensáveis poucos anos atrás. O controle da casa será feito através do celular, as compras serão feitas com máquinas se conectando com máquinas, a intercomunicação entre a casa e a cidade se dará em outro plano, muito mais rápido, confiável e seguro.
Mas isto é o que virá. De outro lado, nós temos o que já chegou. E este faz parte da realidade mais prosaica, do dia a dia da vida, hoje. Os novos aparelhos celulares com capacidade para funcionar na banda 5G são mais sofisticados, mais rápidos, mais eficientes e, naturalmente, mais caros. Quer dizer, sua perda, seja lá pela razão que for, vai doer no bolso do cidadão médio. E aí vem o marketing: então, o negócio é fazer seguro para esses aparelhos? E vem o banho de água fria: depende. Depende de uma série de variáveis decorrentes do cotidiano das pessoas.
Quem sabe, a mais importante seja a primeira: qual o preço do seguro? Com certeza, não será barato e esse preço pode variar bastante, levando-se em conta a variedade de modelos de aparelhos à disposição do mercado.
Um segundo dado que precisa ser levado em conta pelo proprietário do celular é se seu aparelho se enquadra no rol dos aparelhos caros, que lhe cause um prejuízo pesado, caso aconteça algum problema que impeça o seu uso ou obrigue a sua substituição.
Em São Paulo, são roubados ou furtados centenas de aparelhos todos os dias. Nos últimos tempos, a razão para isso passou a ser o uso dos dados bancários do proprietário do aparelho, notadamente as contas correntes e a possibilidade de se fazer PIX, transferindo valores para outras contas.
Mas os aparelhos com capacidade 5G podem mudar o foco dos ladrões. Os aparelhos mais recentes e mais sofisticados custam caro, na casa dos quinze mil reais. Quer dizer, sem levar em conta o uso dos dados bancários do proprietário, o valor do próprio aparelho justifica a ação dos bandidos. E a soma dos dois crimes deixa o quadro melhor ainda. Primeiro se invade a conta corrente e se saca o dinheiro e depois se vende o aparelho.
O seguro para celular faz parte inclusive do foco das seguradoras em gestação no Sandbox da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). É um produto com forte potencial de crescimento pela possibilidade da massificação através da simplicidade da contratação. Mas também é um produto com sinistralidade elevada e a chegada do 5G pode agravar o quadro. Não é o caso das seguradoras deixarem de fazer este seguro, mas, com certeza, é hora delas reverem os cálculos que até agora embasaram o negócio.
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