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Crônicas & Artigos

em 01/03/24

Balanços positivos

Originalmente publicado no jornal O Estado de S.Paulo.
por Antonio Penteado Mendonça

As seguradoras acabam de publicar seus balanços referentes a 2023. Em média, são balanços positivos, com números significativamente melhores do que os números de 2022.

Num certo sentido, não tem nada de novo debaixo do sol. O mercado sabia que o crescimento havia sido de dois dígitos. É isso que os balanços refletem e dão a exata dimensão. É evidente que os desempenhos não foram iguais. Algumas companhias tiveram resultados melhores, outras tiveram números absolutos maiores e algumas tiveram resultado negativo.

De qualquer forma, no todo, houve uma virada importante, com companhias que não foram bem em 2022 mostrando de novo números consistentes, entre elas, algumas seguradoras maiores que no exercício anterior amargaram prejuízos.

O que levou à mudança do quadro? A razão, como costuma acontecer, não é uma, mas várias. Desde o desempenho da economia brasileira até medidas pontuais para limpar as carteiras tiveram impacto no resultado final.

Mas não é possível desconsiderar o desempenho da economia como o fator mais relevante para justificar o desempenho da atividade seguradora. O Brasil cresceu mais do que as previsões diziam que aconteceria, o desemprego caiu para patamares baixos, a taxa de juros vem caindo constantemente, a renda das famílias aumentou, o otimismo tomou conta do mercado e o país acabou se saindo muito melhor do que as primeiras análises apontavam.

Com a economia aquecida, houve uma demanda por novos seguros, além, evidentemente, da renovação dos seguros já existentes. A soma dos dois movimentos impulsionou o faturamento das seguradoras, que, de outro lado, haviam tomado uma série de providências para melhorarem seus desempenhos, reduzindo a sinistralidade, equacionando custos e adotando novas tecnologias capazes de aumentar a eficiência operacional.

Além disso, quando se fala em queda dos juros, não quer dizer que eles estejam baixos. Ao contrário, seguem sendo dos mais altos do planeta. Isso também tem um impacto positivo importante no resultado das companhias de seguros.
Uma seguradora é a gestora de um grande volume de recursos, alocados num fundo formado pelo pagamento das apólices de todos os segurados. É o princípio do mutualismo que embasa a operação de seguros. É desse fundo que a companhia retira os recursos necessários para custear suas despesas, a começar pelo pagamento das indenizações até terminar no imposto de renda que incide sobre o lucro.

Esse dinheiro é aplicado e rende juros. Como os juros estão altos, a rentabilidade das aplicações é alta e esse resultado também integra o negócio, impactando positivamente a última linha do balanço.

Como as perspectivas para 2024 são boas, é de se esperar que neste ano as seguradoras repitam o desempenho que os balanços vêm mostrando. Nesta toada, é possível dizer que o plano desenvolvido pelo mercado no ano passado, que deve catapultar a participação do seguro no PIB para perto de 10% em 20230, é perfeitamente viável.

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