As três ameaças para a humanidade
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Tem gente que imagina que, diante dos desafios que a humanidade tem pela frente, o planeta está ameaçado. Não está. Quem está ameaçada é a espécie humana e eventualmente outras espécies que pegariam carona no estrago. O planeta seguirá girando ao redor do sol, como faz há bilhões de anos, com os percalços que podem afetar um corpo celeste em sua órbita no universo.
O mesmo não pode ser dito quanto ao futuro da humanidade. Seja o impacto com um asteroide ou a erupção gigantesca de um vulcão que tapasse a atmosfera, seja uma pandemia devastadora ou uma pane cibernética, nós poderíamos desaparecer, mas o planeta seguiria em sua órbita e provavelmente outra forma de vida ocuparia o nosso lugar, como ocupamos o lugar dos dinossauros, que até agora foram mais bem sucedidos do que nós e dominaram a terra por mais de 200 milhões de anos.
As ameaças estão aí. São reais, gigantescas, ingovernáveis e muito mais complexas do que nos mostram os filmes de catástrofes, onde, de um jeito ou de outro, no final, o ser humano sai vitorioso da prova a que foi submetido. No mundo real, a possibilidade de sairmos vitoriosos é bem menor.
Existem três grandes grupos de riscos que ameaçam nossa sobrevivência, ou pelo menos os padrões de vida a que nos acostumamos. Riscos à saúde, riscos de catástrofes naturais e riscos cibernéticos.
Os riscos à saúde estão aí, nas várias doenças e ameaças à nossa vida. O mais recente exemplo do que isto pode significar foi a pandemia do coronavírus. Milhões de pessoas foram afetadas e até hoje as sequelas e possíveis consequências do vírus estão sendo estudadas e podem ser muito mais sérias do que imaginamos. O número de intercorrências cardíacas, embolias, acidentes vasculares cerebrais e outras no gênero cresceram muito depois da chegada da Covid. Será que tem relação ou é apenas acaso? Como o acaso não existe, ficar esperto pode ser a melhor solução, até porque os especialistas já falam na certeza de uma nova pandemia, mais severa do que o coronavírus. Só não sabemos quando ela vai chegar.
As catástrofes naturais receberam a ajuda importantíssima do aquecimento global e das mudanças climáticas. As tempestades e as secas castigam, por exemplo, o Brasil. Mas estamos longe de ser a única nação a sofrer com elas ao redor do planeta. Os furacões estão mais fortes, os incêndios florestais se espalham, a elevação do nível do mar pode se tornar irreversível em pouco tempo e, mais grave do que tudo, o aquecimento excessivo da temperatura pode transformar vastas áreas atualmente densamente povoadas em regiões inabitáveis para nós.
Quanto aos riscos cibernéticos, o mundo acaba de viver dias de caos por conta de uma falha na atualização do sistema de uma única empresa. De repente descobrimos que as defesas são mais frágeis do que supúnhamos. Não temos um sistema baseado em redundâncias, não temos alternativas para atuações paralelas capazes de reorganizar a perda de controle. Um problema relativamente pequeno diante do todo pode desencadear o caos no planeta, para não falar em outras consequências, como o disparo de armas nucleares em função de um comando extemporâneo.
Sem dúvida nenhuma, estes são os desafios da humanidade e são também os desafios do setor de seguros. Os grandes riscos, portanto, as grandes indenizações estão neles.