Aqui também tem problemas
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
O mundo está de ponta cabeça. A guerra no Oriente Médio tirou a guerra Ucrânia da mídia. As mudanças climáticas devastam enormes regiões ao redor do planeta. Novas pandemias mais terríveis do que a do coronavírus são esperadas a qualquer momento. Milhões de pessoa estão ameaçadas pela forme e os movimentos de migração dos refugiados, principalmente da África, ameaçam a estabilidade dos países europeus. A falta de grandes líderes neste momento dramático complica tudo que já está ruim, e por aí vamos, numa sucessão de notícias que por serem internacionais, ou globais, escondem o sol e dão sensação de que por aqui está tudo bem. Só que não é bem assim.
É verdade, a inflação está no rumo da meta, os juros estão caindo, o desemprego está em seu nível mais baixo em muitos anos e o Brasil está recuperando seu protagonismo internacional. Não há dúvida, são todas boas notícias. Mas toda moeda tem pelo menos dois lados e o outro lado da moeda brasileira não é tão bonito.
A violência, o crime organizado, o tráfico de drogas e outras mazelas no campo da segurança pública nos colocam numa situação no mínimo apavorante. Para dar uma noção do quadro, não seria necessário colocar no texto o desparecimento de mais de vinte metralhadoras do Arsenal de Guerra do Exército Brasileiro, em São Paulo. Mas a notícia é tão inusitada que não tem como não a incluir. Mais de vinte metralhadoras, das quais treze calibre ponto cinquenta, quer dizer armas pesadas, foram furtadas de um quartel do exército!
Diante disso, o número absurdo de furtos e roubos de celulares vira fumaça para a mídia, mas não é irrelevante para as milhares de vítimas destes delitos, até porque os aparelhos custam caro e, além disso, parte dos crimes é cometida para acessar os seus dados bancários e sacar o dinheiro depositados nas contas correntes.
Mas há mais, um número alto de automóveis é diariamente furtado ou roubado em todas as regiões do país. E proporcionalmente o roubo ou furto de motos é ainda maior. Como se não bastasse, os assaltos a residências atingem patamares impressionantes, com casas e apartamentos, democraticamente, integrando a lista dos imóveis visitados pelos criminosos. A evolução do crime pode ser facilmente constatada em bairros como Alto de Pinheiros e Butantã, onde o número de residências assaltadas está em patamares muito altos.
A lista está incompleta e não precisa ser engrossada com o número de pessoas mortas ou feridas nas mais diferentes situações. O incrível no quadro é que apesar da situação ser diariamente retratada na imprensa, acompanhada de comunicados do governo a respeito de suas ações para modificá-la, a população não confia nas autoridades de segurança pública e o que se vê é o aumento de guardas particulares se espalhando pelos bairros.
Evidentemente, esta realidade impacta diretamente o negócio do seguro. Nem teria como ser diferente, o aumento da criminalidade quer dizer o aumento das indenizações, o que significa a piora dos resultados das seguradoras. Enquanto o cenário não mudar, com a queda dos índices da criminalidade, não há o que fazer. Os seguros custarão caro porque é a única forma de se manter o equilíbrio das carteiras.
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