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Crônicas & Artigos

em 24/04/20

A morte de Mario Petrlli

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

Mario Petrelli morreu na última quinta-feira, fazendo uma endoscopia num hospital de Florianópolis. Todos nós, em algum momento, partiremos desta vida. Faz parte da natureza humana e ninguém, até hoje, conseguiu ficar para semente.

Mas enquanto alguns partem de forma anônima, depois de terem vivido anonimamente, cercados pela família e pelos amigos, outros têm uma vida com visibilidade, com ações ou omissões que chamam a atenção e, para o bem ou para o mal, colocam o cidadão no mapa, dão-lhe uma cara, uma história pública, amigos e inimigos, gente de toda espécie, a favor e contra, dependendo do ponto de vista.

A história de Mario Petrelli se confunde com a história política recente do sul do Brasil. Ele foi, durante décadas, figura carimbada na formulação das políticas e planos de ação implementados do Paraná para baixo. E foi também, por isso mesmo, participante ativo do jogo nacional, desempenhando missões e ocupando cargos de liderança na vida pública nacional.

Mas o Mario Petrelli que me interessa retratar é outro. É o líder do setor de seguros com uma vasta biografia em prol da consolidação de uma atividade da maior importância para o país e a qual ele via como sua área de atuação no mundo da iniciativa privada, como empreendedor e homem de negócios.

A liderança de Mario Petrelli no universo do seguro ultrapassou em muito as fronteiras do sul para se consolidar como um dos nomes que, por décadas, deram o norte do setor, participando ativamente como dirigente de seguradora e como membro efetivo da FENASEG, então a entidade máxima de representação das seguradoras.

Poderia falar do Mario Petrelli primeiro presidente da seguradora Roma, que escreveu uma história bonita e importante durante os anos em que atuou no mercado nacional, primeiro com ele à frente, depois com Mauro Batista, seu sucessor e discípulo, também com uma carreira de destaque como segurador e líder da categoria, na presidência do Sindicato das Seguradoras de São Paulo por muitos anos.

Mas, tão importante como lembrar o executivo bem sucedido, é falar do setor durante os anos em que Mario Petrelli teve papel de destaque, especialmente durante a longa presidência de João Elísio Ferraz de Campos, à frente da FENASEG.

Quando Mario Petrelli iniciou sua bem sucedida carreira, o setor de seguros nacional era pequeno. Representava menos de 1% do PIB e era altamente regulado pelo IRB (Instituo de Resseguros do Brasil), então dono do monopólio do resseguro brasileiro.

As principais carteiras eram seguro de incêndio, seguro de vida e seguro de transporte, todos com condições tarifárias impostas pelo IRB, que, à época, era tão poderoso que se recusava a receber os corretores de seguros.

O desenho atual foi uma construção lenta, que começou a deslanchar na década de 1980, com a desregulamentação das tarifas de incêndio e lucros cessantes, e que evoluiu com a entrada em cena do seguro de veículos, até então visto como um produto marginal e que, muito graças à ação da Porto Seguro Seguros, se transformou rapidamente na principal carteira do setor.

Durante estes anos, Mario Petrelli ocupou importante espaço na formulação das políticas setoriais, sendo um dos responsáveis pelos avanços que foram se tonando mais rápidos depois do Plano Real, quando o setor de seguros passou a ser destaque entre as atividades econômicas nacionais.

Nos últimos anos, ele não ocupava mais cargo de liderança, mas isso não significa que sua voz não fosse constantemente ouvida e suas sugestões acatadas pelos encarregados dos destinos do setor.

A morte de Mario Petrelli faz cada um dos que participaram e participam da história do seguro brasileiro se curvar à biografia de um grande líder. Um homem que ajudou a moldar um setor que atualmente detém mais de um trilhão de reais em reservas e tem forte presença na vida econômica brasileira.

Mario Petrelli, obrigado por tudo e que a eternidade lhe seja leve.

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