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Crônicas & Artigos

em 02/05/17

O muro do cemitério

Ao longo dos últimos anos, os muros do Cemitério São Paulo se transformaram em mostruário para a estupidez humana, rabiscada de alto a baixo com toda sorte de sandices, borrões, frases sem sentido, etc.

O grau de barbárie atingiu um nível tão absurdo que dava a sensação de que a administração que não gostava da cidade incentivava o vandalismo, aliás, em absoluta sintonia com o que permitiu fazerem em outras áreas da cidade, como “os arcos dos italianos”, ao lado da 23 de maio, para não falar na tragédia urbana em que transformou o Centro.

Quem acha que não é por aí, é bom lembrar que a administração passada decidiu promover sessões de pornochanchada, à meia noite, no Cemitério da Consolação.

A falta de respeito com os mortos ia na direção oposta ao que se chama evolução humana e que tem no respeito aos mortos um de seus pontos centrais.

É com alegria que eu vejo que a atual administração, na sua cruzada para reorganizar São Paulo, pintou os muros do Cemitério São Paulo.

Faz bem ver os muros caiados de branco, com seus quadrados grafitados preservados, mantendo a arte e apagando a sujeira, a estupidez e a falta de respeito.

Os mortos do Cemitério São Paulo já são privilegiados pelos ipês que todos os anos florescem de forma majestosa dentro de seus muros.

Agora, além dos ipês em pouco tempo abrirem a temporada de suas flores, os mortos do Cemitério São Paulo estão com a paz garantida e sua honra vingada. Os muros pintados falam de respeito, de cidadania de comprometimento com o gênero humano. E mostram, de boca cheia, que é possível se ter boa administração pública.

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