Livro de papel
Podem dizer o que quiserem sobre a funcionalidade e praticidade dos livros eletrônicos, eu gosto mesmo é de livro de papel.
Outro dia o assunto foi longamente conversado numa reunião da Academia Paulista de Letras. E todos os acadêmicos que falaram foram unânimes em dizer que bom, mas bom mesmo, é livro de papel. Impresso em papel, com cheiro, textura e consistência de papel.
Quem gosta de ler sabe o que eu estou falando. Até porque a realidade tem repique nos jornais. Não, não discuto sobre a praticidade de se ler um jornal no celular. Mas não há como comparar a frieza das letras na tela com o calor das letras impressas e o tato do papel nas mãos.
Tem quem diga que é frescura, que não faz a menor diferença a plataforma em que o texto nos é apresentado. O texto não muda. É o mesmo. E as palavras e ideias do autor atingem o leitor com o mesmo impacto, em papel ou não.
É quase verdade, mas não é toda a verdade. O prazer de ler vai além de passar os olhos pelas letras que formam as palavras, as sentenças, os parágrafos. Vai além apenas da visão.
A leitura mexe com todos os sentidos. É capaz de dar fome e sede, nos fazer sentir cheiros, frio e calor, etc.
Para quem duvida, recomendo a leitura de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. O livro da sede, como Grande Sertão: Veredas nos faz sentir o calor e a poeira na travessia do Raso da Catarina.
Livro em papel excita o tato. A consistência da capa, das páginas, o cheiro que varia de livro para livro, a possibilidade de riscar, marcar, anotar nas páginas são sensações que os livros eletrônicos não conseguem transmitir.
Não tem como. Eles são muito práticos nas viagens, mas, para ler todos os dias, nada como um bom e nem sempre sólido livro de papel.