Carnaval é festa, é folia
Carnaval é festa, é folia, é hora de colocar o bloco na rua, cantar música velha com letra nova para ficar politicamente correta e por aí a fora, com muita cerveja, suor e o mais que aparecer na frente.
Janjão saiu de casa convencido dessas verdades. O mundo podia acabar ou não, o que ele queria era mostrar que saiu de casa disposto a capotar, mas não brecar. Depois, acharia um muro mal pichado, se encostaria nele, descansaria, tomaria fôlego e começaria tudo de novo.
Quatro dias são quatro dias, nem mais nem menos, quatro dias. Quatro dias para se arrebentar de pular atrás dos blocos de rua. O resto era resto, para pensar só depois da quarta-feira de cinzas.
Ou melhor, deveria ser assim, pelo menos na teoria. Mas o mundo real não segue as teorias. Ao contrário, parece até que tem o prazer infinito de contrariá-las. De mostrar que não é assim, nem assado, mas o contrário do avesso do que alguém achou que era.
Janjão descobriu isso aos poucos, numa longa jornada rumo ao inferno. Pulando quatro dias, se arrebentando, perdendo a carteira, apanhando, tendo o celular roubado, o carro furtado e uma dor de cabeça sem tamanho, causada por muita cerveja e uma paulada.
Tanto faz, no começo estava tudo bem. Carnaval é assim mesmo, pelo menos até começar a contabilizar os estragos. O primeiro indício de que as coisas poderiam ser mais complicadas foi quando colocou a mão no bolso da bermuda e não encontrou a carteira. Nem dinheiro, nem documentos, nada, estava reduzido a pó, sem chance de beber mais uma cerveja para matar a sede e colocar as ideias em ordem.
O resto foi em sequência. A última lembrança nítida antes de acordar no pronto socorro foi a de uma moça linda, quase nua, correndo, fugindo dele, com seu celular na mão.
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