A única certeza é que vai atrasar
Dizem os entendidos que na vida o ser humano tem duas certezas: a morte e o pagamento de impostos. Mas, se o cidadão estiver no Brasil, existe uma terceira certeza: Quem viaja de avião atrasa, na ida e na volta.
Inapelavelmente. Sem qualquer tipo remissão dos pecados, como a lua cheia vem depois do quarto crescente e o minguante segue a lua cheia.
Não há o que fazer, viajar de avião é atrasar e no meio do processo, entre sair e chegar, ser maltratado de todas as formas, como se fosse gado de terceira embarcando para o matadouro.
Os maus-tratos começam na chegada ao aeroporto. No estacionamento lotado, no tempo que você perde procurando uma vaga. Depois, prossegue no hall do aeroporto e na fila para o balcão da companhia aérea. E vai em frente, na fila para passar pela segurança e se espalha pelo salão de embarque, onde agora também acontece o desembarque, numa confusão ampla, geral e irrestrita.
Pra quem acha que está bom, isso é o começo, porque invariavelmente as aeronaves mudam de posição e, em função do novo posicionamento, você vai para lá, depois para cá, para acabar descendo para o andar de baixo e pegar um ônibus que te leva, espremido feito sardinha em lata, para o avião, que está em algum lugar perdido no pátio.
Então chega o grande momento da tortura. Você embarca, os demais passageiros embarcam, a porta fica aberta até a ordem do comandante: “Tripulação, portas em automático”. Em qualquer lugar civilizado, a partir deste momento o avião começaria a se mover para decolar. No Brasil, não. Aqui ele fica parado, com o ar condicionado desligado pelo menos meia hora. Só então começa a se mexer, o que não quer dizer decolar. Com sorte, o resto é o voo, mas essa já é outra história.
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