Chuva
Título de um dos grandes contos do século 20. Uma palavra que permite os mais diversos cenários. Como escreveu o grande autor de Chuva, as melhores viagens são as que fazemos na sala de nossa casa, numa noite de inverno, olhando o fogo na lareira.
A imaginação permite o impossível, até a chuva no deserto. No deserto do Chile chove poucas horas no ano e, num único dia, alaga São Pedro de Atacama. Imagine se chovesse todos os dias! O deserto seria um campo florido.
Em São Paulo, a ideia de chuva apavora. Inunda ou não inunda? Inunda onde? Zona Sul, Zona Leste, Oeste, Norte? Em alguns trechos a Prefeitura instalou placas: “zona sujeita a alagamento”.
Muito bonito, cívico, quase patriótico, mas sem qualquer utilidade, como a imensa maioria das faixas de bicicleta e de ônibus demagogicamente pintadas por centenas de quilômetros, cidade a fora.
Pode mais quem chora menos. A sujeira nas ruas é de tal ordem que até nas fortes descidas dos jardins é possível um alagamento, uma enchentezinha, por conta do bueiro entupido.
Mas a chuva traz outras imagens. A tempestade que se forma no campo e se abate fechando o horizonte, em massas d’água caindo enviesadas, empurradas pelo vento forte que passa assobiando, arrancando telhas, derrubando as árvores.
Ao longe, os trovões fazem eco ao clarão dos raios que tomam o céu e apavoram os vivos. Os cães se escondem ganindo e as pessoas se encolhem dentro das casas.
Em compensação, quem não gosta de uma chuva mole espantando o calor abissínio de um dia de verão? Chuva. As possibilidades são muitas. Nos próximos meses teremos todas e mais algumas.
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