Horário de verão
A ideia do horário de verão é economizar energia, aproveitando a luz do sol nos dias mais compridos do verão. Nada de novo. Ele faz parte da vida de europeus, norte-americanos e brasileiros há muito tempo.
O problema é que, num país onde os dias não têm grande variação de luminosidade, como é o Brasil, em primeiro lugar, a economia não é tão expressiva e, em segundo, cria uma contradição interessante.
O horário de verão encomprida as tardes, atrasa o pôr do sol, faz os homens de bem beberem chope com o dia claro. Muito legal, tem quem goste, tem quem não goste. Confesso que para mim está ótimo.
Onde a coisa pega é de manhã cedo. Grande parte dos brasileiros acorda quando, no horário de verão, ainda está escuro porque, de verdade, seis horas da manhã são cinco horas da manhã. E tem gente que acorda antes.
Se, de um lado, se economiza luz no final do dia, porque as tardes são mais compridas e a noite demora mais para chegar, de manhã cedo é exatamente o oposto. Seis horas da manhã está escuro e as pessoas gastam energia porque acendem as luzes de casa para começarem o dia.
Não conheço ninguém que goste de sair de casa quando ainda está escuro, mas é isso o que acontece ao longo do horário de verão. É verdade que nos meses de janeiro e fevereiro a escuridão diminui, mas, mesmo assim, seis horas da manhã nunca é dia claro.
Os sabiás cantam, os carros poluem, a cidade se mexe, mas há um certo mal-estar, um comichão, causado pelo dia que ainda não chegou, pelo sol que não deu as caras, pelo cinza que ainda embaça os horizontes.
Diz o ditado que a gente se habitua com tudo. É verdade, mas tem quem demore mais. Aí, quando se acostuma com o horário de verão, é hora de atrasar o relógio e começar tudo de novo.
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