Jabuticaba é coisa nossa
Tem coisas que só existem no Brasil. Entre elas, o jeitinho e a jabuticaba. E a jabuticaba vai mais longe. Ela não cresce no país inteiro.
Árvore de madeira dura, com galhos longos e abertos, as jabuticabeiras forneciam as melhores forquilhas para os estilingues dos meninos das fazendas. Estilingues de longo alcance, potentes, feitos com a forquilha da jabuticabeira e com tiras de pneus e um pedaço de couro entre elas, onde se encaixava cientificamente a pedra que voava longe.
Hoje os meninos caçam pokemon. Antigamente caçavam passarinhos, ratos, cobras, sapos e lagartos. Além disso, quebravam vidraças e punham para correr cães e gatos.
Junto com a munição composta por pedras e frutos de mamona, tiras de pneus e pedaços de couro, as forquilhas das jabuticabeiras tinham papel importante na formação moral das crianças.
As jabuticabeiras são árvores estranhas. Neuróticas, quem sabe por causa da madeira dura que faz com que cresçam lentamente, comparadas, por exemplo, com as quaresmeiras.
Tradicionalmente, a safra das jabuticabas é em outubro, com margem para algumas semanas antes, outras depois, dependendo da chuva. Mas elas não têm respeitado muito a regra. Tem jabuticabeira dando frutos três e até quatro vezes por ano.
Mas é nesta época que elas entram em cena com mais força, com uma carga maior, cobrindo quase que o tronco inteiro com as frutinhas escuras.
Este ano elas chegaram mais cedo. Não sei se houve uma antecipação geral da natureza, o fato é que as amoreiras que carregam um pouco mais pra frente também estão aí, com os galhos carregados. Seja como for, uma coisa é certa: não é apoio aos candidatos a prefeito.
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